Rodrigo Emílio

Da wiki Metapedia
Ir para: navegação, pesquisa
Rodrigo Emílio, poeta nacionalista e soldado

Rodrigo Emílio (Lisboa, 18 de Fevereiro 1944 - 28 de Março de 2004) foi um poeta e activista nacionalista Portugal que colaborou na revista Último Reduto e no Movimento de Acção Nacional, para destacar apenas algumas das suas actividades.

Percurso

Estudou no Colégio João de Deus e no Liceu Camões e cursou Filologia Românica, curso que o obrigou a passar por Coimbra durante um ano.

Os seus primeiros versos datam da infância e juventude e são editados em diversas publicações. Em 1963 sai a lume na separata da revista Ocidente a novela-quase-poema Rasgões no Sonho, deve-se-lhe também a versão portuguesa do texto poético da opereta com música de Schubert Canção de Amor, que subiu à cena em Lisboa no Teatro da Trindade e inaugurou o programa da temporada lírica do mesmo ano.

Ainda em 1963, é premiado no Concurso de Manuscritos do S.N.I. como autor do original As Lágrimas Ancoradas À Sombra do Amor, que em 1965 publica em livro.

Casa a 2 de Abril de 1967 na capela da sua Casa de São José em Parada de Gonta com Maria Ester, de quem vem a ter quatro filhos.

Em plena lua de mel por terras de Serém, é informado por uma pessoa da família que deverá apresentar-se em Mafra nesse mesmo mês para o serviço militar.

O mês de Janeiro de 1968 marca o nascimento do seu primeiro filho, Rodrigo Victor, nome que era também de seu pai, avô do recém-nascido.

Seis meses depois de terminada a recruta em Mafra, embarca com a família para Moçambique onde vai cumprir a comissão militar. Durante dois anos, presta serviço como alferes miliciano no Corpo Expedicionário.

Em 1969 vai a Lisboa de licença, ocasião em que recebe o prémio dos Jogos Florais da Emissora Nacional na modalidade de Poesia Lírica com que tinha sido contemplado. De novo em Moçambique, é colhido de surpresa em Julho de 1970 com a notícia da morte, para si prematura, da madrinha, da “avó-minha, avó-madrinha”, como lhe chamava carinhosamente. Sente que não pode deixar de dar o último adeus à querida defunta e solicita uma licença extraordinária ao então comandante militar, Gen. Kaúlza de Arriaga, que lha concede, mas é impedido de embarcar à última hora por falta de voo. Com efeito, a morte do Presidente do Conselho, que infelizmente ocorre na mesma data, alterou a situação normal dos transportes aéreos.

Nos últimos meses de 1970 regressa definitivamente a Portugal continental e é reintegrado nos quadros da Radiotelevisão Portuguesa, onde aliás já prestava serviço, e inicia a produção das rubricas de poesia Vestiram-se os Poetas de Soldados e Sobre a Terra e Sobre o Mar exibidas em 1971 e 1972, respectivamente. Ao mesmo tempo, colabora assiduamente com a Verbo Editora nos sectores cultural e educativo.

Em 1973, é editada a antologia de poetas portugueses Vestiram-se os Poetas de Soldados — Canto da Pátria em Guerra em homenagem aos combatentes da guerra do Ultramar, antologia que Rodrigo Emílio selecciona e prefacia e a que acrescenta um “Depoimento” final.

Ainda em 1973, dá à estampa mais dois livros, Primeira Colheita e A Segunda Cegueira, a que se segue um terceiro, Serenata a meus Umbrais, súmula de textos em prosa e em verso de grande beleza plástica.

O pós 25 de Abril

No momento em que ia entrar de serviço na Radiotelevisão Portuguesa como habitualmente, eis que surge um meia-tijela qualquer a agitar alegremente um cravo vermelho nas mãos com a intenção manifesta de lho enfiar na lapela do casaco. Rodrigo Emílio mandou-o dar uma volta, como era de esperar, gesto que entretanto lhe valeu uma sentença sem apelo ditada no mesmo minuto pelos esbirros de serviço: “irrecuperável para a democracia”. No dia seguinte, ou até no próprio dia, o seu nome era pomposamente inscrito na lista negra democraticamente afixada na porta de entrada onde já constavam em letra de forma os nomes de outros “incívicos” que era necessário afastar e expurgar quanto antes.

Como segundo castigo e para maior glória das amplas liberdades democráticas, é-lhe recusado o prémio de poesia “General Casimiro Dantas” com que tinha sido distinguido. Já não o merecia, é claro...

Começou então uma época de instabilidade e grandes sobressaltos...

Num momento em que as perseguições orquestradas e fomentadas pelos comissários e tchekistas vermelhos atingiam o rubro e os libertadores enchiam as cadeias e multiplicavam sem conta nem medida as exacções, as arbitrariedades, as ameaças e os mandatos de captura em branco, numa altura em que o país estava à mercê de hordas de marginais encharcados de álcool e armados até aos dentes.

O exílio

Rodrigo Emílio viu-se forçado a tomar o caminho do exílio e partiu com a família para Madrid, onde a 18 de Março de 1975 veio ao mundo Constança Filipa, a segunda filha e última nascida. “Que me nasceu no exílio”, dizia...

Depois da funesta “revolução dos cravos”, não teve mais uma hora de paz. “Estava escrito que viria o dia de Portugal ser crucificado”, dizia a cada passo. Enquanto uns festejavam a deserção e outros louvavam a cobardia, a infâmia e a sordidez, Rodrigo Emílio recusava aceitar a entrega das províncias ultramarinas (com mais razão ainda por serem entregues aos piores inimigos de Portugal), as barbaridades e abusos cometidos contra os que preferiam continuar de pé no meio das ruínas... Via a pátria esfacelada, desfeita em pedaços e chorava de revolta, de desespero, de vergonha também...

Um dia, sempre acompanhado da mulher e dos filhos, deixa a Espanha que o tinha acolhido, cruza o céu do Atlântico e voa para o Canadá a alimentar uma esperança, mas em breve é torturado pela lonjura que o aflige e separa de tudo… e segue para o Brasil, onde sucede o mesmo, a mesma inquietação, a mesma ansiedade, a mesma nostalgia. As notícias que espera chegam tarde, é longe… e regressa a Madrid com o filho Gonçalo. A mulher e os outros filhos ficam no Rio de Janeiro para que o Rodrigo Victor não perca a primeira classe da escola. Mais tarde e de novo, estão todos reunidos em Madrid.

O regresso a Portugal

Havia que refazer um pouco a vida, procurar um ponto de apoio menos incerto e mais seguro, e entra ao serviço da Rádio Renascença. Os filhos ingressam no Colégio Manuel Bernardes.

Na década de 80 vai viver para Viseu onde lecciona durante três anos em escolas oficiais, mas não faz parte do seu carácter e maneira de ser submeter-se a horários programados, a regras frias e imprecisas, a intrigas escolares, a proibições caprichosas e sem justificação… e decide dar explicações em sua própria casa. Entretanto, deixa Viseu cada fim de semana e retira-se na Casa de S. José em Parada de Gonta onde continua solitariamente, muitas vezes dias a fio e noites adentro, a sua magnífica e inspirada obra literária e poética. Onde recebe também os amigos e camaradas que o visitam e com quem partilha longas tertúlias... sempre fiel ao inseparável Português Suave e à chávena de café.

Os últimos tempos em Parada de Gonta fizeram-no conhecer dias difíceis e penosos, horas cruéis que teriam derrubado uma alma menos sã ou menos preparada. Não obstante a existência discreta e pacata que levava entre pilhas de papéis e montanhas de livros, não poucas vezes se via alvo da inveja, da mesquinhês, do dito torpe e malévolo e, frequentemente, da baixeza de “gente feita à pressa com pressa de ser gente”, como ele mesmo dizia muito acertadamente...

E voltou de novo para Lisboa, não apenas porque sentia que chegava aos limites do que devia suportar, mas porque queria estar perto dos que continuavam a merecer a sua estima e que, na verdade, não o abandonaram. Depois, era o convívio literário e poético, o reencontro com velhos amigos, a partilha de ideias e gostos idênticos, a comunhão de ideais, as recordações, o culto do amor à Pátria... que um dia foi.

Era um farol resplandecente na noite negra e tormentosa, um carbúnculo brilhante nesta era de espanto assombrada pelo pio lúgubre do pássaro da morte... Era ele com os pés na terra e os olhos no céu, uma mão na caneta e outra na espada, o porte nobre e fidalgo do poeta-guerreiro para quem a honra se chama fidelidade.

A 28 de Março deixou-nos fisicamente para sempre com um “bem-hajam e até mais ver”...

Obras

  • As Lágrimas Ancoradas à Sombra do Amor, 1963, S.N.I.
  • Mote Para Motim, 1971, Editora PAX
  • Paralelo 26 S às Audições do Índico, 1971, Agência Geral do Ultramar
  • Poemas Acenados a uma Criança Longe, 1972, Editora PAX
  • A Segunda Cegueira, 1973, Publicações Cidadela
  • Primeira Colheita, 1973, Editora PAX
  • Serenata a Meus Umbrais, 1976, Empresa do Diário do Minho
  • Reunião de Ruínas, 1978, Edições A Rua
  • Poemas de Braço ao Alto, 1982, Tipava Tipografia de Aveiro Lda.
  • Pequeno Presépio de Poemas de Natal, 2005, Antília Editora
  • Matando a Sede nas Fontes de Fátima, Antília Editora

Consulte também

Ligações externas