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Reconquista
A Reconquista (também referenciada como Conquista cristã) é a designação historiográfica para o movimento cristão com início no século VIII que visava à recuperação dos Visigodos cristãos das terras perdidas para os Árabes durante a invasão da Península Ibérica.
Os muçulmanos não conseguiram ocupar a região montanhosa das Astúrias, onde resistiram muitos refugiados; aí surgiria Pelágio (ou Pelaio) que se pôs à frente dos refugiados, iniciando imediatamente um movimento para reconquistar o território perdido.
A guerra tinha um objectivo: reapoderarem-se das terras e de tudo o que nelas existia. A ocupação das terras conquistadas fazia-se com um cerimonial: cum cornu et albende de rege, isto é, com o toque das trombetas e a bandeira desfraldada.
A ideia de «cruzada» só veio a surgir na época das Cruzadas (1096). A reconquista de todo o território peninsular vai durar cerca de oito séculos, só ficando concluída em 1492 com a reconquista do reino muçulmano de Granada pelos Reis Católicos. Em Portugal, a reconquista terminou com a conquista definitiva de Silves pelas forças de D. Afonso III, em 1253. Mais tarde, a expansão marítima portuguesa, precedida pela conquista das praças africanas foi considerada, em parte, como uma continuação da Reconquista.
Índice
Precedentes
Por volta do ano 711 toda a Península Ibérica seria invadida por hordas berberes, comandadas por Tarik ibn-Ziyad, obrigando os visigodos a recolher-se principalmente nas Astúrias*, uma região no Norte da Península, que, pelas suas características naturais, colocava grandes dificuldades ao domínio muçulmano. Além disso, os muçulmanos estavam mais interessados em atravessar os Pirenéus e derrotar os Francos, visto terem como objectivos conquistar todos os territórios à volta do Mediterrâneo, o que acabou por não acontecer, pois foram derrotados pelos Francos. O período compreendido entre 711 e 1492 foi marcado, na Península Ibérica, entre outros factos, pela presença de governantes muçulmanos. Em nome da recristianização da região, ocorreu um longo processo de lutas, considerado por alguns como parte do movimento de cruzadas, resultando finalmente na completa reconquista do território por parte dos cristãos. Durante esta fase, dá-se o nascimento do Reino de Portugal e de diversos outros reinos na Península Ibérica, vindo estes últimos, posteriormente, a se unificar dando origem ao reino de Espanha, apesar das turbulências existentes até hoje, como se verifica pela existência de movimentos separatistas.
Quanto a Portugal, já em 1250 tinha seus limites muito próximos dos atuais, representando, talvez, a maior continuidade de soberania de uma nação sobre o seu território na história moderna.
- Cada vez mais esta tese é contestada em Espanha e Portugal dado estar colada ao parcialismo hispano do doutoramento de Sánchez-Albornoz “La Monarquía en Asturias, León y Castilla durante los siglos VIII al XIII” cuja versão ainda figura nos manuais escolares portugueses e espanhóis. Acerca desta discussão aguardamos por mais estudos históricos acompanhados de fontes e provas arqueológicas.
no entanto há que ter em atenção que esta pequena dissertação carece de fontes bibliográficas e relaciona as comunidades do NO peninsular com organizações celtas esquecendo um hiato de 1000 anos aproximadamente, não diferenciando o que é celta do que é céltico.
A revolta
Antes de 750, os soldados berberes, que se acantonavam nas terras mais ao norte, revoltaram-se contra os árabes: estes eram pouco numerosos e chamaram tropas sírias, que dominaram a revolta. Em 718, Pelágio, chefe dos Visigodos, aproveita a desorganização muçulmana e dá inicio a um processo de reconquista dos territórios hispânicos, que iria durar cerca de oito séculos.
Não se sabe muito sobre Pelágio: o nome não é gótico: os autores de pequenas crónicas escritas pelo fim do século IX e no X procuram relacioná-lo com os antigos reis visigodos, para estabelecerem uma relação entre os guerrilheiros montanheses e a «restauração» do Cristianismo em Espanha. Um escritor árabe coevo diz que se tratava de um galego. Um historiador moderno supõe que seria um servo que se conseguiu impor aos companheiros no período de crise que seguiu a queda da monarquia; um outro considera-o um nativo das Astúrias; outros autores consideram que Pelágio era duque da Cantábria, parente, segundo a tradição, do rei Rodrigo.
Pelágio seria então o chefe daquele heróico grupo de montanheses (ástures e cántabros) que escaparam à dominação árabe da Península, refugiados nas montanhas quase inacessíveis das Astúrias. O domínio muçulmano na Península levava os guerreiros cristãos a porfiadas pelejas, cada um querendo «gizar» um reino para si.
É em 722 que ocorre a primeira grande vitória dos Cristãos contra os mouros, na Batalha de Covadonga; dá-se assim a derrota dos muçulmanos. Alexandre Herculano considera que o ardil de guerra que deu a vitória a Pelágio tem muito de comum com aquele que Viriato pusera por vezes em prática, cerca de novecentos anos antes: ainda que muito a custo, os cavaleiros enviados em cilada para a floresta à esquerda das gargantas de Covadonga, puderam chegar aí sem serem sentidos pelos árabes. Aquando da aproximação dos árabes, os cristãos recuaram e os primeiros, atribuindo ao temor esta fuga simulada, precipitaram-se em sua direcção. Pouco a pouco, o duque da Cantábria atraiu-os para a entrada da gruta de Covadonga. Ao som da trombeta de Pelágio, do cimo dos rochedos surgiram guerreiros que dizimaram os africanos e os renegados godos com tiros e lançando rochedos.
Na batalha de Auseba foram vingados os valentes que pereceram nas margens do Chrysus, pela morte de vinte mil sarracenos.
A oportunidade
Os cristãos esperavam esses combates na esperança de um avanço na reconquistas cristã, e encontravam nas montanhas das Astúrias um campo propício. Das Astúrias desceu um dia um grupo de godos, capitaneados por Pelágio, que infligiria aos sarracenos uma formidável derrota na batalha de Cangas de Onís (cerca de 722), e que seria o primeiro elo dessa cadeia de combates que, prolongando-se através de quase oito séculos, fez recuar o Corão para as praias de África e restituiu a Península ao Cristianismo.
Seguiu-se uma prolongada guerra civil, a cerca de 740, em consequência da qual as terras para o norte do Douro ficaram livres, ou quase livres, dos invasores, porque os berberes, que lá estavam, marcharam para o sul para fazer guerra aos árabes. As populações hispano-góticas dessas regiões puderam, então, levantar cabeça e colocaram-se do lado dos cristãos contra os mouros. A Galiza foi uma zona onde essa luta foi mais renhida e devastadora. Antes de terminar o século VIII, por efeito do recuo dos mouros, divididos por guerras internas, a Península Ibérica tinha duas zonas, cujo limite passava, aproximadamente, por Coimbra, seguia o curso do Mondego por Talavera, Toledo, Tudela e Pamplona. As populações não estavam submetidas a nenhuma organização definida permanente, a não ser ao clero.
Algumas sés (entre elas as do Porto e Braga) foram abandonadas pelos bispos, mas o culto cristão nunca foi interrompido. Alguns historiadores, entre eles Alexandre Herculano, tomaram à letra algumas frases dos cronicões da reconquista, em especial o atribuído a Sebastião, bispo de Salamanca.
Rezam as crónicas que foi Afonso I (um chefe asturiano) quem reconquistou uma enorme região, que incluía toda a Galiza, o Minho, o Douro e parte da actual Beira Alta, passando os mouros a fio de espada e levando consigo, para norte, todos os cristãos que encontrou no território.
É essa a origem da teoria do ermamento: se todos os mouros foram mortos e todos os cristãos levados, a terra transformou-se num grande deserto, onde a vida social parou e só veio a renascer a partir da sua incorporação nos novos reinos cristãos. Este ponto de vista foi depois corrigido. Os cristãos levados para o norte pode explicar-se pela necessidade de mão-de-obra. E, entre os mortos e os feridos, há sempre alguns que escapam.
Os ataques
As razias eram feitas nos lugares onde os saques podiam ser compensadores, e o facto de se repetirem várias vezes mostra que as populações estavam enraizadas. À aproximação dos soldados (umas vezes mouros, outras vezes cristãos), os aldeões faziam como em Coimbra: refugiavam-se nos montes e voltavam depois para construir novas choupanas e continuar as sementeiras. E estas dificuldades iam fortalecendo o poder popular. As condições sociais desta época são pouco conhecidas. Apesar disso, há indicações de conflitos sociais violentos entre os servos e os senhores.
Sebastião de Salamanca e o cronicão Albeldense falam-nos de uma revolta de libertinos, isto é, descendentes de antigos escravos. Diz que se revoltaram contra os senhores mas foram vencidos e «reconduzidos à escravidão». Em alguns casos, as populações revoltavam-se após a incorporação dos territórios em que habitavam no domínio cristão. Essas revoltas não eram de carácter religioso: não existem indícios de uma profunda adesão dos povos ao credo islâmico. Mas os «reconquistadores» não aceitavam as organizações dos vizinhos que, entretanto, se tinham enraizado.
Santiago Mata-Mouros
De acordo com outras tradições, Santiago teria aparecido miraculosamente em vários combates travados em Espanha durante a Reconquista Cristã, sendo a partir de então apelidado de Matamoros (Mata-Mouros). Santiago y cierra España foi desde então o grito de guerra dos exércitos espanhóis. Santiago foi também protector do exército português até à crise de 1383-1385, altura em que o seu brado foi substituído pelo de São Jorge.
Os reinos cristãos
O primeiro reino cristão foi o das Astúrias, fundado por Pelágio, e mais tarde de Reino de Leão. Nos princípios do século X a província de Navarra tornou-se independente, formando o Reino de Navarra.
Os reis ásturo-leoneses foram alargando os domínios cristãos que atingiram o rio Mondego (Afonso III de Leão, e, ao mesmo tempo, iam repovoando terras e reconstruindo igrejas e mosteiros, ficando célebre na parte ocidental o Mosteiro de Guimarães – com grandes propriedades rústicas e muitos castelos por todo o norte do país.
Porém, já no século X, as discórdias entre os chefes cristãos enfraqueceram o reino, e Almançor tomou a ofensiva destruindo Leão, a capital, e reduzindo o reino cristão ao último extremo.
No século XI, Sancho de Navarra, rei de Navarra, anexou o condado de Castela e, por sua morte, os seus estados foram divididos pelos três filhos, sendo nessa altura os condados de Aragão e de Castela elevados à categoria de reinos. O reino de Castela coube a Fernando I, o Magno, mas este em breve se apoderou também do reino de Leão.
Fernando, rei de Leão e Castela, notabilizou-se na luta contra os muçulmanos recuperando muitas terras, entre as quais Coimbra (1064), alargando assim definitivamente os limites da reconquista até ao Mondego. Este monarca desenvolveu o território entre o Douro e Mondego, o qual aparece designado por Portucale, separadamente dos outros territórios da Galiza, com dois distritos ou condados – Portugal e Coimbra – gozando de autonomia administrativa, com magistrados próprios.
Fernando I, ao falecer (1065), repartiu os seus domínios pelos filhos: Sancho ficou com Castela, Afonso com Leão e Astúrias, e Garcia com a Galiza (e portanto com o condado de Portugal), transformado em reino independente. Depois de varias lutas entre os irmãos, morto Sancho e destronado Garcia, Afonso VI de Castela reúne novamente todos os estados de seu pai, tornando-se assim rei de Leão, de Castela e de Galiza.
Afonso VI, aproveitando as lutas entre os principados muçulmanos após a desagregação do califado de Córdova (1031), prosseguiu a guerra contra os infiéis e conquistou Toledo, onde fixou a capital.
Face ás vitórias cristãs, os emires pedem auxilio aos Almorávidas da Mauritânia, e estes, vindo à Península, derrotam os exércitos cristãos na Batalha de Zalaca (1086). Porém, a oeste, os nobres galegos e do condado portucalense, tomam Santarém e a seguir Lisboa e Sintra (1093), estendendo assim a reconquista até ao Tejo. Contudo, em 1110, uma reacção mais forte dos Sarracenos trouxe-os de novo até junto de Santarém e após um longo assédio a cidade rendeu-se, diminuindo de extensão o poder dos leoneses. Santarém permanece então no poder dos mouros até ser reconquistada definitivamente por D. Afonso Henriques em 1147.
Acudindo aos apelos de Afonso VI, entre os cavaleiros de além-Pirenéus, vem Raimundo, filho do conde de Borgonha, que casaria com D. Urraca, filha do rei de Leão e recebe deste (1093) o governo de toda a Galiza até ao Tejo. No ano seguinte chega à Península D. Henrique, irmão do Duque de Borgonha e primo de Raimundo, que recebe a mão de D. Teresa, filha ilegítima de Afonso VI e recebe, depois, o governo da província portucalense que fazia parte do Reino da Galiza - terra que seu filho Afonso Henriques (revoltando-se contra ela e o seu padastro Fernão Peres de Trava) alargou e tornou em reino independente. Assim, a formação do reino de Portugal foi uma frutuosa consequência das cruzadas do Ocidente. O reino da Galiza passou a ser unicamente aquele ao norte do rio Minho, ficando, com o tempo, mais dependente do poder do Reino de Castela — limitada por Leão a Este e por Portugal a Sul, a Galiza assumia assim a sua fronteira e Portugal seria o único a constituir um estado independente do poder castelhano.
Depois de D. Afonso VI de Leão, o último grande reconquistador espanhol até aos reis católicos, a reconquista contra os Almóadas foi prosseguida pelos reis de Portugal, Castela, Aragão e pelos condes de Barcelona.
Portugal na Reconquista
D. Afonso Henriques, filho do conde de Portucale, iria revoltar-se contra a sua mãe, conquistando a Independência de Portugal e iniciando a reconquista portuguesa autonomamente. Desde o início do seu reinado, conseguimos documentar as seguintes batalhas:
* - Considerada lendária pela historiografia moderna
Cronologia da Reconquista
Ordens religiosas e Cruzadas
Todos os reinos ibéricos puderam beneficiar do apoio de várias Ordens Militares, das quais se destaca a Ordem dos Templários, uma Ordem militar e religiosa instituída com o propósito da cristianização.
Portugal, especialmente, viria a beneficiar das Cruzadas em trânsito para o Médio Oriente, tendo estas desempenhado um papel importantíssimo na tomada de algumas cidades portuguesas e subsequente expansão, bem como na fundação do próprio Reino de Portugal.
O fim do domínio árabe
Em 1492, com a conquista do reino de Granada, a Reconquista chegava ao fim. Já os reinos da Galiza, Leão, Castela, Navarra e Aragão iniciavam uma relativa unificação ao possuir um único rei (embora mantendo a autonomia económica, administrativa e comercial), que posteriormente recebeu o nome de reino de Espanha. Juntamente com o reino independente de Portugal, debatiam-se estes dois estados pelas conquistas marítimas. Ainda com o apoio da Igreja, ambos os reis estavam agora de olhos postos no Norte de África, nas praças comerciais de renome, como Ceuta e Tânger, sob o pretexto da cristianização. Caminhava-se, paralelamente, para a fase inicial dos Descobrimentos.
Bibliografia
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- BRITO, Raquel Soeiro [et al.] História de Portugal, Vol I: Antes de Portugal / dir. José Mattoso . Lisboa: Estampa, D.L. 1993-1994. - 8 vols - 567 p. ISBN 972-33-0920-3
- BRONISCH, Alexander Pierre.Reconquista und Heiliger Krieg - die Deutung des Krieges im christlichen Spanien von den Westgoten bis ins frühe 12. Jahrhundert. Münster: Aschendorff, 1998. ISBN 3-402-05839-1
- LOMAX, Derek William. Die Reconquista. Die Wiedereroberung Spaniens durch das Christentum. Deutsche Übersetzung durch Holger Fliessbach. München: Wilhelm Heyne Verlag, 1980. ISBN 3-453-48067-8
- REILLY, Bernard F.. Cristãos e muçulmanos: a luta pela Península Ibérica (The contest of Christian and Muslim Spain), trad. Maria José Giesteira - Lisboa: Teorema, 1998 - 327 p. - ISBN 972-695-262-X
- SARAIVA, José Hermano, 1919 - História de Portugal - Lisboa: Círculo de Leitores, 1981. - 124, [2] p. : il. ; 25 cm. - (Pequena história das grandes nações)
- SÉNAC, Philippe. La frontière et les hommes -(VIIIe - XIIIe siècle) le peuplement musulman au nord de l'Ebre et les débuts de la reconquête aragonaise. Paris: Maisonneuve et Larose , 2000. ISBN 2-7068-1421-7