Braga

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Braga é das mais antigas cidades portuguesas e uma das cidades cristãs mais antigas do mundo; fundada no tempo dos romanos como Bracara Augusta, conta com mais de 2000 anos de História como cidade. Situada no Norte de Portugal, mais propriamente no Vale do Cávado, Braga possui 175 063 habitantes (2007) [1], sendo o centro da Grande Área Metropolitana do Minho (GAM), com cerca 800 mil habitantes.

É uma cidade cheia de cultura e tradições, onde a História e a religião vivem lado a lado com a indústria tecnológica e a vida boémia universitária.

Na gíria popular é conhecida como:

A "Cidade dos Arcebispos": durante séculos o seu Arcebispo foi o mais importante da Península Ibérica; ainda é o detentor do velho título de Primaz das Espanhas.

A "Roma Portuguesa": no século XVI o Arcebispo D. Diogo de Sousa, influenciado pela sua visita à cidade de Roma, desenha uma nova cidade onde as praças e igrejas abundam tal como em Roma. A este título está também associado o facto de existirem inúmeras igrejas por km² em Braga. É, ainda, considerada como o maior centro de estudos religiosos em Portugal

A "Cidade Barroca": durante o século XVIII o arquitecto André Soares transforma a cidade de Braga no Ex-Libris do Barroco em Portugal.

A "Cidade Romana": no tempo dos romanos ser a maior e mais importante cidade situada no território onde seria Portugal. Ausónio, ilustre letrado de Bordéus e prefeito da Aquitânia, incluiu Bracara Augusta entre as grandes cidades do Império Romano[2].

A "Capital do Minho" ou o "Coração do Minho", por estar localizada no centro desta província. Braga reúne um pouco de todo o Minho e todo o Minho tem um pouco de Braga.

A "Cidade dos Três Sacro-Montes": são santuários situados a Sudeste da cidade numa cadeia montanhosa, e são pela ordem Este a Sul: O Bom Jesus, Sameiro e a Falperra (Sta. Maria Madalena e Sta. Marta das Cortiças).

A cidade está estritamente ligada a todo o Minho: a Norte situa-se o tradicional Alto Minho, a Este o Parque Nacional da Peneda-Gerês, a Sul as terras senhoriais de Basto e o industrial Ave e a Oeste o litoral marítimo Minhoto.

História

Os vestígios da presença humana na região vêm de há milhares de anos, como comprovam vários achados. Um dos mais antigos é a Mamoa de Lamas, um monumento megalítico edificado no período Neolítico. No entanto, apenas se consegue provar a existência de aglomerados populacionais em Braga na Idade do Bronze. Caracterizam-se por fossas e cerâmicas encontradas no Alto da Cividade, local onde existiria uma povoação e por uma necrópole que terá existido na zona dos Granjinhos[3].

Na Idade do Ferro, desenvolveram-se os chamados “castros". Estes eram próprios de povoações que ocupavam locais altos do relevo. Os Celtas eram os seus habitantes e, nesta região em particular, habitavam os Brácaros (em latim, BRACARI), que dariam nome à cidade, após a sua fundação e os romanos terem forçado as populações descerem ao vale.

Bracara Augusta

No decurso do século II a.C., a região foi tomada pelos Romanos que edificaram a cidade no ano 16 a.C., com a designação de Bracara Augusta, em homenagem ao Imperador César Augusto[3]. Bracara Augusta, capital da região da Gallaecia, integrava os três conventos do Noroeste peninsular e parte do convento Clunia, com uma população de aproximadamente 285 mil tributários livre nas 24 civitates no ano 25[4]. Desta época data também a criação do bispado de Bracara Augusta, segundo a lenda, São Pedro de Rates foi o primeiro bispo de Braga entre os anos 45 e 60, ordenado pelo apóstolo Santiago que teria vindo da Terra Santa, martirizado quando convertia povos aderentes à religião romana no noroeste da Península Ibérica. Mas, só no ano 385 é que o Papa S. Sirício faz referência à metropolitana de Bracara Augusta.

Após a conquista do império romano, Bracara Augusta tornou-se na capital política e intelectual do reino dos Suevos, que englobava a extinta região da Gallaecia e se prolongava até ao Rio Tejo. Por ordem do rei Ariamiro foi realizado o concílio de Braga, entre 1 de Maio de 561 a 563, tendo sido presidido por São Martinho de Dume, bispo titular de Bracara. Deste concílio resultaram grandes reformas, principalmente no mundo eclesiástico e linguístico, destacando-se a criação do ritual bracarense e a abolição de elementos linguísticos pagãos, como os dias da semana Lunae dies, Martis dies, Mercurii dies, Jovis dies, Veneris dies, Saturni dies e Solis dies, por Feria secunda, Feria tertia, Feria quarta, Feria quinta, Feria sexta, Sabbatum, Dominica Dies, donde derivam os modernos dias em língua portuguesa. Posteriormente, com o declínio do povo Suevo, foi dominada pelos Godos, durante mais de três séculos.

No ano de 716, os Mouros alcançam a cidade e provocam grande destruição na mesma, dada a sua importância religiosa. Na época, foi também palco de várias guerras, destruições e saques. Mais tarde, foi reconquistada por Afonso III, Rei das Astúrias.

Braga

No século XI a cidade é reorganizada, provavelmente com a nova designação de "Braga". É iniciada a construção da muralha citadina e da , por ordem do bispo D. Pedro de Braga, sobre restos de um antigo templo romano dedicado à deusa Ísis, que teria mais tarde sido convertido numa igreja Cristã. A cidade desenvolve-se em torno da Sé, ficando restringida ao perímetro amuralhado.

Braga foi nessa altura oferecida como dote, por Afonso VI de Castela, à sua filha D. Teresa, no seu casamento com D. Henrique de Borgonha, Conde de Portugal. Estes últimos foram senhores da cidade entre 1096 a 1112. Em 1112 doam a cidade aos Arcebispos. Com a elevação do bispado bracarense a arcebispado, a cidade readquire uma enorme importância a nível Ibérico. O arcebispo Diego Gelmírez de Santiago de Compostela, com medo da ascensão da Sé de Braga, rouba as relíquias dos santos bracarenses na tentativa de diminuir a importância religiosa da cidade, as relíquias só retornaram a Braga na década de noventa do século XX.

Sob o reinado de D. Dinis (1279-1325), a muralha citadina é requalificada, é ainda construída a torre de menagem. Mais tarde, foram adicionadas nove torres, de planta quadrangular, à muralha existente, concluindo-se também o Castelo de Braga em torno da torre de menagem existente.

No século XVI, o Arcebispo de Braga D. Diogo de Sousa modifica a cidade profundamente, introduzindo-lhe ruas, praças, novos edifícios, provocando-lhe também o crescimento para além do perímetro amuralhado. Do século XVI ao século XVIII, por intermédio de vários arcebispos, os edifícios de traça medieval vão sendo apagados e substituídos por edifícios de Arquitectura religiosa da época.

No século XVIII, Braga por intermédio da inspiração artística de André Soares (Arquitecto 1720-69) transforma-se no Ex-Libris do Barroco em Portugal. Nos fins deste século, surge em várias edificações o Neoclássico com Carlos Amarante (Engenheiro e Arquitecto 1742-1815). Mais uma vez, por intermédio de vários arcebispos, os edifícios religiosos são novamente alterados com a introdução do Barroco e o Neoclássico.

Nos cem anos que se seguem, irrompem conflitos devidos às invasões francesas e lutas liberais. A cidade é palco de batalha e vítima de vários saques realizados pelas tropas napoleónicas. Em 1834, com o fim das lutas liberais, são expulsas várias ordens religiosas da cidade, deixando o seu espólio para a cidade. Em consequência da Revolta da Maria da Fonte na Póvoa de Lanhoso, área sob jurisdição do quartel militar de Braga, a cidade é palco de importantes confrontos entre o povo e as autoridades. No final do século XIX, o centro da cidade deixa a área da Sé de Braga e passa para a Avenida Central. Em 1875, é inaugurado pelo Rei D. Luís a linha e estação dos caminhos de ferro de Braga.

No século XX, dá-se a revolução dos transportes e das infra-estruturas básicas, reformula-se a Avenida da Liberdade, de onde se destaca o Theatro Circo e os edifícios do lado nascente. Em 28 de Maio de 1926, o general Gomes da Costa inicia nesta cidade a Revolução de 28 de Maio de 1926. Por fim, no final deste século, Braga sofre um grande desenvolvimento e converte-se na terceira cidade do País, estatuto que mantém nos nossos dias. E também conhecida por muitos por Capital do Minho.

Geografia

Situada no coração do Minho, Braga encontra-se numa região de transições de Este para Oeste, entre serras, florestas e leiras aos grandes vales, planícies e campos verdejantes. Terras construídas pela natureza e moldadas pelo Homem.

Físicamente situa-se a 41° 32' N 08° 25' O[5], no Noroeste da Península Ibérica, precisamente entre o Rio Douro e o Rio Minho. Ocupando 183,51 km², e variando entre 20 a 572 metros de altitude, o concelho é bastante diversificado. O terreno a Norte situado na margem esquerda do Rio Cávado, é semi-plano, graças ao grande vale do Rio Cávado. A parte Este caracteriza-se por montanhas, tais como a Serra do Carvalho (479m), Serra dos Picos (566m), Monte do Sameiro (572m) e o Monte Sta Marta (562m). Entre a Serra do Carvalho e a Serra dos Picos nasce o Rio Este, formando o vale d'Este, já a Sul da Serra dos Picos desenvolve-se o planalto de Sobreposta-Pedralva. A Sul, como a Oeste o terreno é um misto de montanhas, colinas e médios vales. O centro da cidade situa-se no alto da colina de Cividade (215m), desenvolvendo-se para o vale do Rio Cávado a Norte e Oeste, e para o vale do Rio Este a Este e Sul.

O território bracarense pertence a duas bacias hidrográficas, a bacia hidrográfica do rio Cávado a Norte e a bacia hidrográfica do rio Ave a Sul. O rio Cávado, de caudal médio, é o elemento hidrográfico predominante a Norte, existindo também diversas ribeiras que desaguam neste. O território a Sul é marcado pelo rio Este e seus diversos afluentes, como o rio Veiga, todos de pequeno caudal. O solo, dado pertencer ao sistema montanhoso do Gerês e a sua proximidade ao Oceano Atlântico, é bastante rico em água.

O concelho é predominantemente urbano[6], principalmente em torno da cidade. As áreas rurais que outrora predominavam, hoje, confinam-se aos limites do concelho. É ainda de salientar que as colinas de maior cota e as montanhas encontram-se cobertas por manchas florestais, apesar da pressão urbana e dos fogos florestais que sucederam nos últimos anos.

Clima

O clima de Braga, pelo facto de se situar entre serras e o Oceano Atlântico, é tipicamente Atlântico temperado, ou seja, com quatro estações bem definidas. Os Invernos são bastante pluviosos e frios, e geralmente com ventos moderados de Sudoeste. O vento pode também soprar do Norte, normalmente forte, o que geralmente provoca uma descida da temperatura, estes ventos são designados como Nortadas. Em anos muito frios pode ocorrer a queda de neve, no entanto devido ao aquecimento global a queda de neve é um acontecimento muito raro. O último nevão na cidade foi em Fevereiro de 1994. As Primaveras são tipicamente frescas, com grandes aberturas e ventos suaves. As brisas matinais ocorrem com maior frequência, principalmente nas maiores altitudes. No vale do Cávado, a baixa altitude, é normal existirem os nevoeiros matinais. De salientar o mês de Maio que é bastante propício às trovoadas, devido ao aquecimento do ar húmido com a chegada do Verão. Os verões são quentes e solarengos com ventos suaves d'Este. Nos dias mais frescos, podem ocorrer espontaneamente chuvas de curta duração, estas chuvas são bastante importantes para a vegetação da região, pois reabastece os lençóis de água o que torna a região rica em vegetação durante o ano inteiro, pela qual é conhecida por Verde Minho. Os Outonos são amenos e pluviosos, geralmente com ventos moderados. Enquanto a temperatura desce, aumenta a pluviosidade. Existe uma maior frequência de nevoeiros, principalmente no vale do Cávado onde ocorrem os nevoeiros matinais mais densos.

Tabela climática de Braga
Temperatura
Mês Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Média
Máxima registada °C 22,4 25,8 26,3 30,2 34,7 36,0 38,9 38,5 37,8 32,5 27,5 23,5
Média Máxima °C 12,8 13,5 15,6 17,8 20,7 24,4 27,2 27,0 24,9 21,0 16,0 13,3 19,5
Média °C 8,7 9,1 10,9 12,4 15,2 18,2 20,2 19,8 18,4 15,3 11,2 8,9 14,0
Média minima °C 4,5 4,8 6,2 7,0 9,6 12,0 13,2 12,6 11,8 9,6 6,3 4,6 8,5
Mínima registada °C -3,4 -4,0 -2,6 -1,3 1,1 3,7 5,9 4,0 2,6 -1,0 -3,8 -4,1
Precipitação
Mês Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Total
Total mm 217,1 208,9 180,3 104,2 110,0 64,5 20,9 30,6 77,7 132,4 174,0 193,3 1514,9
Dados referentes entre 1951 até 1980.

Demografia

O concelho é densamente povoado, com 954 hab/km² e 175 063 habitantes (2007), é um dos mais populosos de Portugal e é um dos mais jovens da Europa. Nos Censos de 2001, em Braga existiam 164 192 indivíduos, 51 173 Famílias Clássicas e 70 268 Alojamentos[7]. A maioria da população concentra-se na área urbana, onde a densidade atinge cerca de 10 000 hab/km².

A população bracarense é constituída por 78 954 indivíduos do sexo masculino e 85 238 indivíduos do sexo feminino. O grupo etário dos 0 aos 25 anos representava 35% da população total, enquanto 54% da população tinha entre 26 a 64 anos, o grupo etário dos idosos representava 11%. A população é maioritariamente portuguesa, mas existem também comunidades imigrantes, nomeadamente brasileiros, africanos principalmente oriundos das antigas colónias portuguesas, chineses e europeus de leste.

No que diz respeito a habitação, em Braga há 70 268 alojamentos (Censos de 2001), valor excedentário se tivermos em consideração o conceito clássico de família (51 173 agregados).

No entanto, estas 19 095 habitações sobrantes não estão todas em excesso na realidade, muitas delas destinam-se a residência temporária, normalmente associadas a estudantes, a trabalhadores temporários e a estrangeiros que exercem a sua actividade profissional na cidade. Existe também um grande número de habitações que pertencem a cidadãos residentes no estrangeiro que as utilizam quando regressam periodicamente a Portugal. O constante crescimento populacional e o aumento da habitação individual associado à não constituição de uma família clássica são também realidades que justificam este facto na sociedade bracarense.

As 19 095 habitações atrás referidas, representam em média uma capacidade para 60 000 indivíduos, o que faz com que a população real de Braga esteja próxima de um valor intermédio situado entre os 174 000 indivíduos e os 230 000 indivíduos.

O concelho cresceu 16,2% entre 1991 a 2001, o maior crescimento registou-se nas antigas freguesias suburbanas (hoje urbanas), por exemplo: Nogueira 124,6%, Frossos 68,4%, Real 59,8%, Lamaçães 50,9%. As previsões apontam para que Braga seja um dos concelhos com maior crescimento nos próximos anos.

A evolução demográfica entre 1801 a 2006[8]:

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Município e Organização Administrativa

Administrativamente o concelho de Braga, de código administrativo 03 03, fica no distrito de Braga de código administrativo 03, e é capital do mesmo. É também capital da grande área metropolitana do Minho, a terceira maior do país (cerca 800 000 hab.). É limitado a norte pelo município de Amares, a leste pela Póvoa de Lanhoso, a sueste por Guimarães, a sul por Vila Nova de Famalicão, a oeste por Barcelos e a noroeste por Vila Verde.

Possui uma Câmara Municipal, presidida por Mesquita Machado desde 1976. A Câmara Municipal é composta, para além do presidente, por nove vereadores. Existe uma Assembleia Municipal que é o órgão legislativo do município, constituída por um presidente e dois secretários, sessenta e três deputados e os sessenta e dois Presidentes de Junta de Freguesia.

Órgão PS "Juntos por Braga" [9] Democrática Unitária [10] BE
Vereadores da Câmara Municipal[11] 6 5 0 0
Deputados da Assembleia Municipal[12] 27 6 6 4

Freguesias

O concelho é subdividido em 62 freguesias. As freguesias estão agrupadas em freguesias que integram a cidade[13] (citadinas), freguesias predominantemente urbanas (suburbanas) e freguesias mediamente urbanas[6].

Cultura

Artesanato

O artesanato bracarense é um dos artesanatos portugueses mais conhecidos internacionalmente, os cavaquinhos, violas, guitarras (nomeadamente a Viola Braguesa) , a Arte Sacra e a Vela Votiva de Braga são os ex-libris. Embora estes quatro sejam famosos, o artesanato Bracarense é mais diversificado, os artigos de linho (panos, colchas, cortinados...), os bordados, a cestaria, miniaturas em madeira, farricocos [(tambem em cêra)], bijuteria, ferro forjado (sinos, miniaturas, material para agricultura...), as louças típicas de Braga coloridas e de forma atractiva, entre outros, são artigos tradicionais que facilmente se encontram nas ruas, ruelas ou nas zonas rurais nas imediações.

Gastronomia

Braga, como o resto do Minho tem uma gastronomia riquíssima. O bacalhau assume-se como o prato de peixe favorito, a cidade é famosa pelas suas inúmeras receitas de bacalhau (bacalhau à Narcisa[14], bacalhau à Minhota (Braga), bacalhau à moda de Braga...). O arroz de Pato, as papas de sarrabulho com rojões, a tripa enfarinhada, os farinhotes, os enchidos de sangue, o cabrito à moda de Braga, as frigideiras do Cantinho ou as da Sé, os rojões à moda do Minho, o frango "pica no chão", o vinho verde, o Pudim Abade de Priscos, o toucinho do céu, o bolo rei escangalhado, fidalguinhos, pederneiras, suplícios, paciências, entre muitos outros, fazem de Braga uma cidade de sabores.

Tradições e Festividades

  • Festas de S. João[15] — Os primeiros registos do S. João de Braga datam de 1515, data que pela primeira vez a Câmara Municipal assume a sua realização, mas que agregam muitos elementos comprovadamente mais antigos, como por exemplo a Procissão dos Santos do Mês de Junho, onde tradicionalmente aparece o carro com a Dança do Rei David, que apesar do nome, é de inspiração moçárabe. De salientar também, a presença de "lavradeiras" ostentando as Velas Votivas de Braga ( cumprindo a tradição de a oferecer ao São João pela graça concedida. Estas festas repetem-se anualmente no mês de Junho.
  • Semana SantaPáscoa[15] — Durante toda essa semana os altares das Igrejas, cada um invocando uma cena da Paixão de Cristo, encontram-se decorados com flores e velas. Esta semana atrai muitos turistas à cidade. Os visitantes procuram essencialmente as grandes procissões nocturnas que se caracterizam pelas centenas de figurantes. Na quarta-feira realiza-se a tradicional procissão de Nossa Senhora da burrinha, na quinta-feira a procissão de Ecce Homo e, na Sexta-feira Santa, a solene Procissão Teofórica do Enterro do Senhor. Em todas elas se recriam quadros da história religiosa. Após a Vigília Pascal da madrugada de Domingo de Páscoa, conjuntos de pessoas saem de todas as igrejas da cidade para anunciarem a todas as casas a Ressurreição de Jesus, dando uma Cruz especialmente decorada a beijar aos residentes. Ao fim do dia, é habitual mais uma sessão de fogo-de-artifício, desta feita fogo "preso" onde rebenta uma figura de homem, simbolizando o suicida Judas, que traíra Jesus.
  • Braga Romana — Reviver o Passado em Bracara Augusta. Braga regressa há 2000 anos, época em que integrava o Império Romano, evocando o seu quotidiano como cidade-capital da província da Gallaecia. Nestas festividades, que decorrem anualmente no início do mês de Junho, é recriado um mercado romano que é palco de artes circenses, representações dramáticas, simulações bélicas, personificações mitológicas, malabarismos, interpretações musicais e bailados da época de Bracara Augusta. Esta viagem no tempo inclui ainda a organização de uma escola romana, uma área de animação infantil e a tradicional recepção ao imperador Augusto, em que se procede à leitura do édito fundador e à nomeação do administrador da cidade. No dia da abertura dá-se o grandioso Cortejo Romano pelas ruas do centro histórico da cidade.
  • Festas Académicas do Enterro da Gata — A primeira referência na imprensa relativamente ao "Enterro da Gata" reenvia-nos ao distante ano de 1889 e vem publicada no jornal "Aurora do Minho" com o título pomposo de "Enterro Xistoso". Lá se conta como um grupo de estudantes "para festejar o fim do ano e enterrar a gata" fizeram um "enterro xistoso e novo na espécie". A academia bracarense era então representada pelos estudantes do Liceu Nacional (hoje Escola Secundária Sá de Miranda), que estava sediado no Convento dos Congregados. O primeiro interregno nas festividades aconteceu entre 1934/35 e 1959. Salazar usaria a mordaça para calar a irreverência aos minhotos. O luto decretado por Coimbra após as manifestações de 1969 levaria a segunda interrupção entre 1970 e 1989. No estudo solicitado em 1989 pela Associação Académica da Universidade do Minho ao director da Biblioteca Pública de Braga, Dr. Henrique Barreto Nunes, concluiu-se que o 1º Enterro da Gata se havia realizado em Maio de 1889. Assim, e passados exactamente 100 anos sobre o seu nascimento, era retomada a tradição, agora nas mãos dos estudantes da jovem Universidade do Minho. A "gata" representa o indesejado insucesso escolar. É feito um velório em que a "Gata" é transportada pelas artérias da cidade seguida por um séquito que não pára de chorar a "finada". As festas têm a duração de uma semana e realizam-se todos os anos no início do mês de Maio.
  • Festas Académicas do 1.º de Dezembro — Reza a História que os Estudantes da Cidade de Braga no ano de 1640, com o intuito de comemorar a restauração da independência, saíram à rua. No meio da folia, estes jovens assaltaram galinheiros e celebraram o acontecimento bebendo e comendo um prato típico chamado "Frango Pica No Chão". A tradição do jantar do 1.º de Dezembro é ainda seguida pelos estudantes da cidade, juntamente com uma Récita que conta com a participação dos Grupos Culturais da Universidade do Minho.
  • Procissão dos Passos — realiza-se em: Real (terceiro Domingo antes da Páscoa), Celeirós (segundo Domingo antes da Páscoa), Cabreiros (terceiro Domingo de Quaresma) e Braga (Domingo de Ramos).
  • Procissão do Corpo de Deus — A primeira "manifestação" pública, foi proposta aos Católicos como uma forma de afirmarem publicamente a sua crença no Santíssimo Sacramento da Eucaristia, isto é, que o pão e vinho se transubstanciavam efectivamente no Corpo e Sangue de Cristo. É, por isso, uma procissão diferente das restantes: aqui não há quadros explicativos da história religiosa, apenas a expressão do culto ao Santíssimo Sacramento, transportado pelo Arcebispo. Foi nesta procissão em Braga que, em 1923, pela primeira vez se mostraram ao público os Escuteiros do Corpo Nacional de Escutas, pelo que é tradicional que nesta procissão apenas os Escuteiros constituam corpo participativo, ao invés de apenas contribuírem para a sua organização como na Semana Santa.
  • Peregrinação à Sra. da CabeçaMire de Tibães (segundo Domingo de Julho)
  • Romaria de Santa Marta — Realiza-se nos Montes da Falperra e Santa Marta, dia vinte e nove de Julho.
  • Festas dos Patronos — Por toda a cidade, cada paróquia celebra a festa do seu patrono. São particularmente conhecidas as de São Vicente e da 'Cónega' (nome dado à zona ao fundo do Campo da Vinha e Rua da Boavista)
  • Dia da Cidade — Celebra-se no dia de São Geraldo, padroeiro da cidade de Braga, a 5 de Dezembro. É uma celebração de cariz oficial, com sessão solene e entrega de medalhas da cidade, não havendo festa popular. De salientar ainda a especial decoração da Capela de São Geraldo na Sé Catedral, que neste dia é enfeitada com fruta.

Música

Ao longo dos séculos a música em Braga foi profundamente marcada pela música popular, folclore e música religiosa ou Sacra. Em 1961, a instalação do Conservatório de Música Calouste Gulbenkian abre os horizontes musicais da cidade. Nas décadas seguintes assiste-se a uma expansão musical, que continua a crescer nos nossos dias com o surgimento da Licenciatura em Música na Universidade do Minho. Na cidade existem ainda várias instituições de referência nomeadamente a Orquestra Câmara do Minho, Orquestra Câmara de Braga, o Conservatório Calouste Gulbenkian de Braga, o Conservatório de Música de Braga, o Orfeão de Braga, o Coro da Sé de Braga, o Coro Gregoriano de Braga, a Banda de Musical de S. Miguel de Cabreiros, o Coro Académico da Universidade do Minho, 23 ranchos folclóricos, entre outros.

Braga, tem-se também afirmado no panorama da música moderna portuguesa com o surgimento desde os anos 80 de várias bandas de referência. Como incentivo a este tipo de música, a Câmara Municipal de Braga criou no estádio 1.º de Maio várias salas de ensaio. Simultâneamente existem também inúmeros concursos musicais dos quais se destaca por exemplo o "Concurso de Bandas Amadoras" do Braga Parque.

Arquitectura religiosa

A cidade de Braga, por ser uma das cidades cristãs mais antigas do mundo, possui um vasto património religioso. As igrejas abundam no seu centro Histórico à semelhança de Roma. Do seu património, evidencia-se pela antiguidade, a Basílica de São Martinho de Dume (ver arqueologia), datada do Século VI e a Capela de São Frutuoso do período Visigótico, classificada como Monumento Nacional. No entanto, foi no século XI que se construiu o ex-libris da cidade, a Sé Catedral de Braga. A Sé está estritamente ligada a Braga e faz parte da sua História, reúne uma grande diversidade de estilos arquitectónicos, o estilo românico (estilo inicial), o estilo gótico (capela dos Reis), estilo manuelino (exterior da cabeceira da igreja principal), o estilo renascentista (Igreja da Misericórdia de Braga), o estilo Barroco (altares de algumas capelas e os órgãos e coro da Igreja principal), o Neoclássico (Claustro), entre outros de menor expressão. Outro conjunto urbano multi-arquitectónico de enorme valor é o Paço Episcopal Bracarense, palácio dos Arcebispos de Braga situado nas proximidades da Sé. Com arquitectura medieval, destaca-se ainda a Igreja de Santa Eulália, a Igreja de São Sebastião, a Igreja de São João do Souto e a Capela dos Coimbras.

Do estilo renascentista, a maior referência é a Igreja de São Paulo, de fachada alta e sóbria, terminada em frontão triangular, vazada por uma só porta em arco redondo, por duas janelas e um óculo. Ainda no mesmo período, o Arcebispo Diogo de Sousa altera a arquitectura da cidade, com a abertura de novos espaços urbanos e a construção de vários edifícios religiosos. Pelo facto de muitos desses edifícios só terem sido concluídos nos séculos seguintes, surgiram na sua arquitectura influências de outros estilos, como o barroco ou neoclássico, cujos trabalhos são em grande parte são da autoria de Carlos Amarante e de André Soares. Da autoria do Arquitecto e Engenheiro Carlos Amarante são o Convento do Pópulo, a Igreja de São Vicente, repleta de elementos do barroco, e a Igreja de São Marcos onde se destacam as estátuas dos apóstolos. O arquitecto André Soares projectou o magnifico Convento dos Congregados, "a obra mais emocionada" palavras do especialista Robert Smith, e a Igreja de Santa Maria Madalena de estilo rocaille.

Já o Bom Jesus, uma das referências do barroco europeu e candidato a Património da Humanidade da Unesco, é da autoria destes dois grandes arquitectos bracarenses. Desta época datam também a actual igreja do Mosteiro de Tibães, casa mãe da Congregação Beniditina para Portugal e Brasil, e a Igreja da Santa Cruz em estilo barroco maneirista. Das obras do século XIX, sobressai a Basílica do Sameiro, templo central do trio dos Sacro-Montes (Bom Jesus-Sameiro-Falperra), de estilo neoclássico que possui no seu interior um altar-mor em granito branco polido, e o sacrário em prata.

Dos grandes artistas bracarenses de arte religiosa, destaca-se também José de Santo António Vilaça, grande mestre da talha dourada. A sua obra é marcada por traços pessoais e decorada a ouro. Grande parte dos ornamentos em talha que se encontram nas igrejas bracarenses são da sua autoria. Dada a importância da sua obra, certas figuras ligadas à arte defendem a candidatura da sua obra a património da humanidade.

Em termos de cruzeiros, o mais imponente é o Cruzeiro de Tibães, de estilo renascentista erudito, possui também traços típicos dos restantes cruzeiros bracarenses e está classificado como Monumento Nacional desde 1910. Além destes, refere-se ainda pela monumentalidade, o Cruzeiro do Campo das Hortas e o Cruzeiro de Sant'Ana, também classificados como Monumento Nacional.

Arquitectura militar

O Castelo de Braga e as muralhas medievais, são as maiores expressões arquitectónicas militares da cidade. A Torre de menagem do antigo Castelo de Braga, que foi ingloriamente demolido em 1906, é o principal remanescente desta construção erguida sob o reinado de D. Dinis. De planta quadrada, esta torre em estilo gótico, ergue-se a aproximadamente trinta metros de altura, dividida internamente em três pavimentos. No alto, uma janela geminada e matacães nos vértices. No topo uma coroa de ameias. Na torre e no alçado oeste, as pedras-de-armas de D. Dinis. Destaca-se ainda a enorme quantidade de símbolos inscritos nas faces das paredes internas e externas. Estes símbolos, segundo o povo medieval, protegeria a cidade de invasores. Da muralha medieval constituída por nove torres, subsistem ainda três torres, a Torre de Santiago, a Torre de São Sebastião e a Torre da Porta Nova.

O Castelo do Bom Jesus e o Castelo da D. Chica são edifícios apalaçados com alguma influência arquitectónica militar, de características eclécticas sobre um estilo romântico. O Castelo da D. Chica, projectado pelo arquitecto Ernesto Korrodi, é um exemplar inspirado nos castelos apalaçados bávaros.

Espaços de Cultura

Museus

A cidade bimilenar de Braga, que atravessou épocas distintas, é detentora de um património rico e variado de tradições e costumes seculares, de artes antigas, marcadas profundamente pela presença do clero. Parte deste acervo está exposta nos museus, e é fruto de anos investigação e preservação.

O Museu Regional de Arqueologia D. Diogo de Sousa e o Museu Pio XII possuem uma enorme colecção arqueológica. As colecções, na grande maioria, são provenientes de escavações realizadas em Braga, de acordo com critérios científicos actuais. No Museu Regional de Arqueologia D. Diogo de Sousa destaca-se a colecção de "miliários", considerada a melhor de toda a Europa. Existem também núcleos museológicos (com o objectivo de expor ruínas arqueológicas), entre os quais o Núcleo Museológico de Lamas, a Fonte do Ídolo ou as Termas romanas de Maximinos são exemplo disso (ver secção de Arqueologia).

Os museus Museu Pio XII, Tesouro Museu da Sé Catedral e Museu do Mosteiro de Tibães são museus mistos. Estes museus de origem religiosa expõem de uma maneira geral o património religioso, arqueológico, histórico, cultural, e artístico da região.

O Palácio dos Biscaínhos convertido em museu, é um espaço onde se pode apreciar o quotidiano da nobreza setecentista.

As artes, ao longo das últimas décadas, foram o tema principal para abertura de novos museus na cidade. O Museu Nogueira da Silva, gerido pela Universidade do Minho, detém variadas colecções de arte. O Museu Medina expõe a maior colecção de obras, mais de uma centena, de Henrique Medina. O Museu dos Cordofones está ligado à arte dos cordofones. Na área da fotografia, o Museu da Imagem reúne uma vasto espólio herdado das antigas casas fotográficas da cidade sobre Braga e tem exposições regulares de fotógrafos conceituados. O Theatro Circo, reconstruído recentemente, possui também uma zona museológica.

A cidade de Braga possui um património de valor incalculável, mas só parte deste se encontra nos seus museus. Durante o século XX, com a extinção de vários conventos, casas senhoriais, entre outros por parte do governo da época, deu-se a deslocalização deste espólio bracarense para vários museus de Lisboa. Segundo o governo de então: "Braga não tinha condições para acolher e preservar este legado, mas se num futuro as possuísse, este seria devolvido à cidade". Actualmente a cidade já possui equipamentos para o seu acolhimento e é unânime entre os bracarenses que o mesmo deverá retornar a Braga.

Salas de Espectáculos

O Theatro Circo, inaugurado em 1911, é a mais prestigiada sala de espectáculos bracarense. A sala principal do Theatro Circo, de estilo italiano, possui mil lugares e um dos melhores sistemas de som da Europa [16]. O Espaço Alternativo, teatro da Portugal Telecom, e o Teatro de bolso do TUM (Teatro da Universidade do Minho) são também salas de espectáculos ligadas ao teatro.

Ao longo das últimas décadas, face ao crescimento de cidade, foram construídos vários auditórios. Estes teatros multiusos modernos têm um grande impacto na sociedade bracarense, não só como espaços culturais, mas também como espaços aptos para a realização de conferencias, congressos, palestras e apresentações. Dos grandes auditórios bracarenses, destaca-se o Grande Auditório do PEB (Parque de Exposições de Braga) com 1200 lugares, o Auditório de Estádio Municipal de Braga e o Auditório A1 da Universidade do Minho. Existem também outros auditórios na cidade, que embora de menor dimensão têm grande actividade ao nível cultural, destes destaca-se o auditório da Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva, o Auditório Municipal Galécia, o Auditório Instituto Português da Juventude, o Auditório Adelina Caravana do Conservatório de Música Calouste Gulbenkian, o Auditório do Museu D. Diogo de Sousa e os vários auditórios da Universidade do Minho e da Universidade Católica.

O cinema São Geraldo, a segunda sala a exibir filmes em Portugal, foi ao longo de décadas a sala de cinema dos bracarenses, actualmente esta mítica sala está fechada e sem possibilidade de uma provável reabertura. Hoje em dia, os espaços a funcionar na cidade são os cinemas Cinemax com sete salas de projecção e os cinemas Lusomundo com nove. Existe também o cinema GoldCenter, mas possui apenas uma sala. A Câmara Municipal de Braga tem também uma rede de videotecas onde os cidadãos podem ver filmes gratuitamente.

Transportes

Braga no tempo dos Romanos era conhecida por ser a cidade com mais estradas na península. Nessa época possuía uma via com características de auto-estrada, a Geira, projectada para ser um percurso rápido e sem grandes desníveis, tinha várias portagens ao longo do trajecto, albergarias e troca de cavalos (verdadeiras estações de serviço)[17]. Muitos séculos mais tarde, a cidade volta a estar na vanguarda com a inauguração em 1875, pelo Rei D. Luís, da linha e estação dos caminhos de ferro de Braga. Sete anos depois, em 25 de Março de 1882, é inaugurado também o Elevador do Bom Jesus que juntamente com uma linha de eléctrico ligava o elevador à Av. Central na cidade.

Hoje a nível rodoviário a cidade possui um conjunto de largas avenidas que diluem o trânsito nas várias direcções, é de salientar a Rodovia (Praça do Condestável, Av. da Imaculada Conceição, Av. João XXI, Av. João Paulo II) que atravessa a cidade de Oeste para Este. Braga possui também uma circular importantíssima que distribui o trânsito citadino, sem ela a cidade seria um autêntico caos. A circular conecta importantes vias: a via-rápida de Prado (variante à 101) liga as populações a norte, Prado e Vila Verde, a variante do Fojo liga a zona Este e posteriormente pela EN 103 à Póvoa de Lanhoso e a Vieira do Minho, a sul conecta a variante à EN 14 que liga à A11 para Guimarães (e posteriormente todo o vale do Ave, vale do Sousa e Terras de Basto) e à A3 para Vila Nova de Famalicão e Porto, a Oeste liga a A11 para Barcelos e Apúlia (Esposende) e à A3 para Valença e Espanha. Está igualmente projectada a variante do Cávado que ligará as populações do Noroeste e Amares, e a variante de Gualtar que ligará o novo hospital da cidade à zona Este e Póvoa de Lanhoso. Diariamente circulam milhares de automóveis na circular urbana e variantes de acesso à cidade, o que resulta em alguns congestionamentos principalmente nas horas de ponta.

Na área dos transportes em massa, o concelho é servido pelos transportes públicos TUB/EM. A TUB possui uma frota de 116 viaturas, de cor azul e branca. A rede cobre todo o concelho com 1553 paragens, e 277,6 km em 76 linhas onde anualmente se percorre 5.089 milhões de quilómetros com 22.556 milhões de passageiros[18]. Está previsto a curto prazo o alargamento desta rede aos concelhos vizinhos de Vila Verde e Amares[19]. Braga possui também uma central de camionagem junto à circular urbana, onde existem ligações regionais diárias para todo Minho, ocidente de Trás-os-Montes e Alto Douro, e Douro Litoral. Na central podem também ser encontradas ligações diárias pela rede Expresso e Renex para todo país e semanais para a Europa.

A nível de transportes aéreos possui um aeródromo[20], constituído por um heliporto e uma pista (950x25 metros) utilizada por aviões com capacidade máxima de 25 passageiros. Os aeroportos internacionais mais próximos são: Aeroporto Francisco Sá Carneiro (50 km), Aeroporto da Portela (350km), e na vizinha Espanha o Aeroporto de Vigo (125km).

Os dois grandes portos marítimos nas proximidades são o Porto de Viana (50km) e o Porto de Leixões (50km).

Em termos de transportes ferroviários existem três estações de passageiros, a estação principal com seis linhas em Maximinos, a estação de Tadim e a estação de Arentim, ambas de linha dupla; e um Terminal de Mercadorias em Aveleda[21]. As estações de passageiros fornecem ligações entre si e até ao Porto em comboio urbano (eléctrico), para a restante linha do Minho é em comboio regional (diesel). A estação principal fornece ainda ligações diárias em Alfa Pendular[22] para várias cidades de Portugal. Está confirmado pela Rave, Rede Ferroviária de Alta Velocidade, a instalação de uma estação do TGV na cidade[23], que fará ligações directas ao Aeroporto Francisco Sá Carneiro e a Vigo na Galiza, ligando também às cidades do Porto e de Lisboa e à futura linha Lisboa-Madrid.

Economia

Braga é uma cidade extremamente dinâmica, com uma intensa actividade económica nas áreas do comércio e serviços, ensino e investigação, construção civil, informática e novas tecnologias, turismo e vários ramos da indústria e do artesanato.

A população economicamente activa em 2001 foi 51,9%, ou seja, 85 194 indivíduos. Distribuído nos seguintes sectores: 893 indivíduos no sector primário, 31 374 sector secundário, 47 031 sector terciário dos quais 24655 indivíduos estavam ligadas a actividades económicas.

O sector primário, tem vindo a diminuir gradualmente devido à expansão urbana. Hoje subsistem as viniculturas, floricultura, empresas ligadas à floresta e extracção de pedra, a agricultura tradicional é algo em vias de extinção, uma vez que se limita a ser uma actividade caseira e é mantida essencialmente por pessoas de idade avançada.

O sector secundário é bastante diversificado, mas é marcado por empresas ligadas à tecnologia, à indústria metalúrgica, à construção civil e à transformação de madeira. A indústria do software é a nova força industrial Bracarense, considerada por muitos a Silicon Valley Portuguesa. Este sucesso deve-se especialmente à Universidade do Minho, que desde 1976 forma profissionais nesta área. Também são importantes as indústrias ligadas à religião, Braga é um importante centro produtor de imagens de santos, paramentaria e sinos. Os sinos de Braga estão espalhados um pouco por todo o mundo, de todos esses locais destaca-se, por exemplo, a Catedral de Notre-Dame de Paris.

Existem vários parques industriais e centros empresariais na periferia da cidade, tais como Complexo Grundig/Blaupunkt, centro empresarial de Ferreiros, centro empresarial e parque industrial de Frossos, centro empresarial e parque industrial de Celeirós e parque industrial de Adaúfe. Com a implantação em Braga do Laboratório Internacional Ibérico de Nanotecnologia (INL) (ver Investigação & Tecnologia) e a construção do Instituto de Desenvolvimento Empresarial do Atlântico, empreendimento da Ideia Atlântico, onde ficarão instaladas empresas de base tecnológica, prevê-se um grande impulso no crescimento deste sector na economia bracarense.

O sector Terciário é o sector económico mais forte, razão pela qual Braga é designada como a capital do comércio em Portugal. Do seu Centro Histórico foi retirado o trânsito e pode desfrutar-se da maior área pedonal do país, onde convivem lado a lado as esplanadas, os serviços, o comércio local e as lojas das grandes cadeias internacionais, formando todo este conjunto um "Shopping Center" gigante ao ar livre. Na periferia da cidade existe uma enorme variedade de superfícies comerciais, que vão desde os comuns hipermercados e "shoppings", às mega-lojas de música e filmes, electrodomésticos, bricolage e construção, entre outros. Está também implantado em Celeirós o Mercado Abastecedor da Região do Noroeste (ECAN/MARN).

População economicamente activa em 2001
CAE 0: sector primário 1,04%
CAE 1 a 4: sector secundário 36,82%
CAE 5 a 9: sector terciário 55,20%
CAE 5 a 9: actividade económica 28,93%

A Associação Comercial de Braga e Associação Industrial do Minho (AIM) sedeadas em Braga, são órgãos vitais ao apoio e desenvolvimento das empresas Bracarenses e empresas da região do Minho. Já o PME Portugal (Associação das Micro, Pequenas e Médias Empresas de Portugal) é uma associação, sedeada em Braga, de apoio às micro, pequenas e médias empresas, a nível nacional. O Parque de Exposições de Braga (PEB) com 45 000 m² oferece infra-estruturas para feiras, exposições e congressos a nível nacional e internacional. Com uma moderna circular urbana em todo o seu perímetro e "rasgada" por largas Avenidas, Braga reúne todas as condições para continuar a ser uma das cidades de referência no contexto económico luso-galaico.

Investigação & Tecnologia

A investigação e a tecnologia são áreas em franco desenvolvimento na cidade de Braga. Desde a criação da Universidade do Minho, instituição que se tem destacado pela sua juventude e inovação, a cidade de Braga passou de cidade conservadora, a cidade dinâmica, criativa e de tecnologia. Tal facto obrigou à criação de grandes infraestruturas de suporte, nomeadamente redes de fibra óptica (Braga possui actualmente a mais extensa rede de fibra óptica do país) e parques tecnológicos. Estando em fase de implementação o projecto TechValley, que inclui a construção de um parque tecnológico de excelência para Braga, na região estão previstos ainda mais dois parques nas proximidades desta cidade, o Parque da Inovação e Conhecimento[24] (Vila Verde) a Norte, e o AvePark (Caldas das Taipas) a Sul, todos em parceria com a Universidade do Minho.

Do projecto TechValley, destaca-se o Instituto de Desenvolvimento Empresarial do Atlântico, empreendimento da Ideia Atlântico, actualmente em construção na Variante do Fojo, que irá conter várias valências, entre elas um Centro de Incubação, um Centro de Negócios, uma infra-estrutura de Escritório Virtual e um espaço para alojamento de Empresas de Base Tecnológica. A Agência Portuguesa de Investimento considerou o Projecto de Interesse Nacional (PIN), o primeiro da região.

As instituições de ensino universitário bracarenses são grandes estruturas de investigação. A Universidade do Minho possui vários centros, núcleos e institutos de investigação nas áreas de Informática, Ciências da Saúde, Biomédica, Biologia, Física, Química, Matemática, Engenharia, Arqueologia e nas ciências sócio-culturais em áreas como Direito, Estudos da Criança, entre outros. A Universidade Católica Portuguesa possui também, nos seus Campus, várias Unidades de Investigação na área das ciências sócio-culturais.

A cidade de Braga é considerada por muitos como a Silicon Valley Portuguesa[25] devido às inúmeras empresas ligadas ao software, algumas delas de grande renome como a Primavera Software (empresa portuguesa líder na produção de software em Portugal[26] e entre as 500 empresas europeias com maior potencial de crescimento[27]), Mobicomp (empresa portuguesa líder no desenvolvimento de soluções de negócio assentes em tecnologias de computação e comunicações móveis[28]) ou a Edigma (empresa portuguesa líder na gestão de projectos digitais e interactividade[29]). Existem também grandes centros tecnológicos e de investigação noutras áreas, a Blaupunkt Portugal, que é a maior fábrica de produção de auto-rádios e derivados da Europa, está nas dez maiores empresas exportadoras nacionais, é também um grande centro de investigação e desenvolvimento de engenharia electrónica. Esta unidade da Blaupunkt desenvolve todos os seus produtos desde o protótipo até ao produto final, ou seja desde os parafusos até ao design do produto. A Cachapuz, do Grupo Bilanciai, é também uma empresa de excelência em termos de desenvolvimento e inovação. O Grupo Bilanciai é o maior grupo mundial de balanças e sistemas de pesagens. O maior grupo português de alumínios[30], o Grupo Navarra, em homenagem à freguesia que viu crescer a empresa, é um importante grupo que aposta na investigação e no progresso tecnológico no seu sector. Estas empresas, como muitas outras, são o motor da tecnologia e investigação privada na cidade de Braga.

O mais recente investimento, na área de investigação, em Braga é o Laboratório Internacional Ibérico de Nanotecnologia (INL), também conhecido por Instituto Ibérico de Investigação e Desenvolvimento. A implantação deste mega instituto, deveu-se às características singulares da cidade, atrás referidas, e é o resultado de um acordo de cooperação entre os governos português e espanhol na área de investigação e tecnologia. Com um investimento anual de 30 milhões de euros, esta estrutura irá dedicar-se à investigação na área das nanotecnologias e possuirá várias oficinas, laboratórios, uma biblioteca, auditórios e um espaço para instalar visitantes de curta duração. Será também dotado com um centro de ciência viva para que seja mostrado à população o trabalho que lá será desenvolvido.

Educação

A média do nível de ensino em Braga é superior ao nível nacional. Em 2001 44% da população tinha pelo menos o nono ano (escolaridade mínima obrigatória). Com o nível de ensino superior existiam 23 660 indivíduos (14%), com uma superioridade feminina. A percentagem com menos do nono de escolaridade era de 64%, é de relembrar que 19% da população tinha menos de catorze anos. O analfabetismo em 2001 foi de 5% (8 286 indivíduos), menos 1,9% que em 1991. O analfabetismo Bracarense é maioritariamente feminino, 6007 indivíduos.

Ao nível superior, a cidade possui duas grandes universidades:

  • Universidade Católica Portuguesa — Esta universidade nasceu em Braga em 1967 e foi a primeira Escola Superior não estatal a conferir graus Académicos de licenciatura e doutoramento em Portugal. Braga foi também a sede da primeira escola particular do território que havia de ser Portugal. Já em 1072, segundo Avelino de Jesus da Costa, havia um mestre-escola para ensinar os alunos que quisessem acorrer à Escola do Cabido que funcionava junto da Sé de Braga. É nesta tradição que se coloca a mais prestigiada instituição privada de ensino superior em Portugal.
  • Universidade do Minho — Foi fundada em Braga em 1973 e iniciou a sua actividade académica em 1975/76. É uma das então denominadas “Novas Universidades”, que mudaram profundamente o cenário do ensino superior Português. Esta instituição, tem-se distinguido ao longo da sua História também pela singularidade das suas tradições académicas. Os estudantes desta universidade envergam um Traje Académico próprio, designado por “tricórnio” (nome que vem do chapéu que lhe pertence). De origem seiscentista, este traje encontra-se retratado em paineis de azulejos sobre a vida estudantil bracarense, no edifício que alberga actualmente a reitoria da UM, no Largo do Paço em Braga. O privilégio do seu uso foi concedido na época pelo Rei, aos estudantes do extinto colégio S. Paulo de Braga. Estas vestes são compostas por sapatos pretos lisos, meias pretas, bermudas, camisa, casaco, capa e chapéu tricórnio.

Ao nível do ensino básico, secundário e profissional destacam-se também várias instituições de prestígio:

A Academia Bracarense é uma reputada escola de moda a nível nacional. A academia participa em várias feiras, campeonatos, salões de moda internacional, como o Salon Prêt a Porter de Paris (a maior e mais conceituada feira mundial de moda) ou o Mondial Coiffure Beauté de Paris (maior campeonato mundial de cabeleireiros e estética).

O Liceu Nacional Sá de Miranda, que marcou o ensino secundário no século XX, designado hoje em dia como Escola Secundária Sá de Miranda, foi durante grande parte da década de noventa a maior escola do país, com mais de seis mil alunos. A cidade tem no total sete escolas secundárias públicas e algumas escolas privadas.

Existem também várias Escolas Profissionais, das quais se destaca o Centro de Formação Profissional de Braga, mais conhecido por Mazagão e a Escola Profissional de Braga.

Ao nível de equipamentos de ensino básico o concelho está também estrategicamente bem equipado. Conta com treze escolas EB 2,3, noventa e uma escolas do primeiro ciclo e sessenta e três estabelecimentos de ensino pré-escolar.

Em termos de ensino privado, as escolas mais conhecidas são o Colégio João Paulo II, Externato Infante D. Henrique, o Colégio D. Diogo de Sousa e o Colégio Luso-Internacional de Braga.

A Câmara Municipal de Braga tem também à disposição da população os seguintes equipamentos educativos:

  • Escola de Educação Rodoviária — A Escola Rodoviária de Braga foi criada com o objectivo de sensibilizar os mais jovens para os perigos da sinistralidade, nas vertentes preventiva e formativa.
  • Quinta Pedagógica de Braga — A Quinta Pedagógica de Braga é uma antiga quinta tradicional minhota, com cerca de dois hectares e meio, que foi reestruturada com o objectivo de reforçar a educação ambiental e o consequente contacto do Homem com a natureza. Esta estrutura tem equipamentos nas áreas da pecuária, agrícola tradicional e vitivínicola. Possui também um bosque, um parque de merendas, uma área de confecção alimentar e um laboratório de experiências ambientais.

Curiosidades

  • A reconhecida História da Sé de Braga deu origem a uma expressão popular, em Portugal e em todo o mundo de fala portuguesa, para definir antiguidade: mais velho que a Sé de Braga.
  • A expressão "És de Braga", refere-se a quando alguém deixa uma porta aberta. A sua origem deve-se ao facto de o Arco da Porta Nova, uma das antigas entradas da cidade de Braga, encontrar-se permanentemente aberta.
  • O anuncio publicitário referente aos The Simpsons, episódio Stop, Or My Dog Will Shoot!, mostra as coordenadas geográficas de Springfield, que coincidem com as de Braga

Referências

  1. Erro de citação: Código <ref> inválido; não foi fornecido texto para as refs de nome ine2007
  2. Jornal de Noticias - Edição do Minho em 24 de Maio de 2005.
  3. 3,0 3,1 Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho — Bracara Augusta.
  4. Morais, Rui Manuel Lopes de Sousa. e Comércio em Bracara Augusta no período Alto-Imperial, 2004, página 65.
  5. Câmara Municipal de Braga
  6. 6,0 6,1 Dados do INE [1].
  7. Segundo fontes do INE, Censos de 2001.
  8. Census de 1991, 2001 e Território em números de 2004
  9. Coligação "Juntos por Braga":PSD,PP e PPM
  10. Coligação Democrática Unitária: PCP e PEV
  11. Câmara Municipal de Braga.
  12. Câmara Municipal de Braga.
  13. Dados do INE [2] .
  14. Bacalhau à Narcisa
  15. 15,0 15,1 Festas, Feiras e Romarias
  16. Segundo a Câmara Municipal de Braga e a Biosom — Electro Acústica Aplicada, L.da [3].
  17. Informações retiradas do site Geira no Gerês da Câmara Municipal de Terras de Bouro.
  18. Informações retiradas do site TUB, últimos indicadores.
  19. Terras do Homem — TUB já podem entrar em Amares e Vila Verde
  20. Informações do Instituto Nacional de Aviação Civil [4].
  21. Informações retiradas do Eixo Atlântico, Projecto ferroviário Porto-Braga do site do Governo Português.
  22. Informação retirada do site oficial do Alfa-Pendular CP.
  23. Informação retirada do site Rave, Datas relevantes do Projecto Alta Velocidade.
  24. Antena Minho, [5][6] em 16/02/2007, e no Jornal de Notícias edição do Minho [7] em 17/02/2007.
  25. Segundo vários Profissionais da área, e inclusive o Instituto do Emprego e Formação Profissional
  26. In Exame Informática
  27. Fonte da própria empresa e [8]
  28. In COTEC Portugal.
  29. In Diário Económico, 2007-02-02 13:16.
  30. In Diário Económico, 2007-02-02 15:51.

Ligações externas