Acção Escolar Vanguarda

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A Acção Escolar Vanguarda (AEV) foi uma organização juvenil portuguesa com um acentuado pendor fascista, constituindo a primeira tentativa do Estado Novo de organização da juventude, antecedendo assim a Mocidade Portuguesa.

Criação da AEV

No ano de 1934 o Estado Novo procurava serenar os extremismos de direita que tinham apoiado até aí a Ditadura Nacional. A rápida ascensão dos nacionalismos radicais na Europa, levou os sectores mais extremistas do nacionalismo português a alimentarem boas expectativas de uma eventual fascização do regime, destacando-se entre eles os nacionais-sindicalistas de Rolão Preto, o qual se viu forçado ao exílio em Julho de 1934, devido à oposição que fazia ao governo de Salazar. Ora, a formação da Acção Escolar Vanguarda encaixa nesta conjuntura de captação das franjas radicais de direita, como explica António Costa Pinto: “É uma dupla resposta do recém-criado Secretariado de Propaganda Nacional, com António Ferro, mas especialmente com António Eça de Queirós. Por um lado, procurava enquadrar os dissidentes do movimento Nacional-Sindicalista, em desagregação; por outro, procurava integrar na Ditadura – sob a chefia de Salazar – uma juventude «ardente» e desejosa de vitoriar, mimeticamente, os movimentos fascistas europeus”.

Em 28 de Janeiro de 1934, a Acção Escolar Vanguarda fez a sua primeira aparição pública num comício no Teatro S. Carlos (Lisboa). Criação do regime para “combater as ideias comunistas” difundidas entre a juventude, em especial nos meios académicos e sindicais, a AEV teve uma curta vida dando lugar, dois anos depois, à Mocidade Portuguesa, uma organização moldada à imagem dos Balilla italianos e da Juventude Hitlerista alemã.

Organização e actividade

De acordo com António Costa Pinto a AEV foi "uma organização de dinâmica fascista". Contudo, pela sua curta duração, a AEV não teve tempo para desenvolver uma actividade tão espetacular e interventiva na sociedade portuguesa quanto a sua sucessora, a Mocidade Portuguesa.

A AEV teve como dirigente Ernesto de Oliveira e Silva, o qual que definia a sua organização como um reduto do combate “antiliberal e antimarxista ao serviço da Nação”. A AEv publicava um jornal intitulado "Avante", tendo conhecido nas sua páginas a colaboração de dirigentes das juventuudes fascista italiana e nacional-socialista alemã.

Envergando camisas verdes, fortemente politizados, num esforço mimetista dos seus congéneres europeus, os membros da AEV nunca terão porém ultrapassado a cifra dos dois milhares em todo o país. As suas acções incidiram particularmente no aspecto propagandístico do Estado Novo, através de marchas e desfiles, tando igualmente servido como instrumento político para concorrer com o Movimento Nacional-Sindicalista.

Propaganda da AEV

Manifesto da AEV (excerto)

Camaradas: os estudantes portugueses, filiados na A.E.V., nesta hora sacudida de violência que a humanidade atravessa, querem marcar com nitidez a sua posição intelectual em face de um velho mundo que se desmorona e de um novo mundo que nasce.

Cientes de que chegou o momento preciso de definir campos, não querem os estudantes remeter-se ao fácil comodismo da neutralidade em matéria política, social e espiritual, quando por toda a parte a consciência das novas gerações se revolta contra as últimas consequências da torpe civilização burguesa e capitalista. A hora actual, cheia de virilidade e audácia, é bem a hora da juventude. “Todo o adolescente se sente construtor de um mundo novo” – dizia ainda há pouco o penetrante crítico russo Berdiaeff.

Com a autoridade moral que temos, lançamos a todos os estudantes de Portugal, a todo o trabalhador honrado, a todo o povo que sofre, o nosso primeiro Manifesto de Doutrina e Combate.

(...) Acreditamos que a maior parte dos estudantes ai perfilhar irreflectidamente os dogmas e as ficções do comunismo, encapotado ou descoberto, não avalia a que infinidade de contradições e ilogismos a conduz o sistema pelo qual se bate.

O comunismo materialista, desprezando todos os valores morais, é a negação da personalidade, rouba-lhe todo o valor e toda a significação, é o aniquilamento total do Homem, a sua mecanização obrigatória.

No campo social, o predomínio de uma classe sobre as outras; no político, o regresso à autocracia primitiva; no económico, a primazia do consumo sobre a produção; no espiritual a substituição do sobre-natural por um ateísmo grosseiro, imposto pela violência sistemática, que endeusa uma classe, considerada messiânica, e faz dela o deus ex machina de toda a vida superior. Acrescente-se a este somatório de ideias o desbragamento sexual, (conhecido pelo eufemismo de Eugénica) destruidor da família e que já se pratica barbaramente na Rússia, e temos criado o ente boçal, vegetando ao sabor do instinto e das paixões, besta desenfreada, amarrada à terra, tipo perfeito de escravo e de bruto moderno. O comunismo é mais um movimento de exploração sentimental, provocado pelos exageros condenáveis do capitalismo burguês, – um apelo às fáceis emoções das massas, que um digno movimento de libertação do Homem. (...)

Mas que autoridade, camaradas, têm estes emancipadores para lutar contra a guerra, se aceitam e defendem o maior exército do mundo – o exército vermelho de Estaline e a sanguinolenta polícia dos déspotas russos – a Guépéou?

Que autoridade têm estes propagandistas do marxismo-leninismo, quando sabem que o trabalho na Rússia é a brutalidade mais desumana que se concebe, e que o suor que ele consome entesoura-se feito ouro nas maciças arcas do Estado-patrão, do Estado-capitalista, do Estado-senhor-único e indiscutível da vontade dos escravos que o servem e sustentam?

Que autoridade têm estes libertadores para combater a tristíssima miséria das proles operárias, quando sabem que o filho do russo é hoje um filho de ninguém, vivendo na Rua e da Rua e tendo, excepcionalmente, o Estado como madrasta?

Que autoridade invocam eles para protestar contra as injustiças sociais, se sobrepuseram o interesse de uma classe ao interesse das restantes? (...).

O comunismo é pois:

1º - A guerra sistemática ao Espírito, à mística ou metafísica cristãs: "Os ateus russos procuram o reino de Deus, mas sem Deus e contra Deus";

2º - Destruição das nacionalidades, pela utópica criação da Pátria Universal; (...)

Queremos um Estado Contemporâneo, dirigido a uma Pátria saudável. Nem regresso à turbamulta dos parlamentos-ganha pão, nem transigências com a fama dos policastros do sufrágio. Queremos um Estado forte, actual, que seja sempre um Estado Novo, dirigido por gente nova, e não apenas um Estado medrosamente anti-comunista.

Camaradas!

O caminho está traçado!

Compete a cada um de vós, vanguardistas, difundir a Verdade política, social e espiritual que nos une indissoluvelmente.

Onde está um vanguardista está um Homem de acção. Cumpri com galhardia a divisa do nosso movimento: Trabalhar, lutar, vencer.

Camaradas. Avante!

Secção Sul da Acção Escolar de Vanguarda

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