Sílvio Romero

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Sílvio Romero

Sílvio Vasconcelos da Silveira Ramos Romero (* 21 de abril de 1851 em Lagarto, Sergipe (Brasil), † 18 de julho de 1914 no Rio de Janeiro) foi um poeta, filósofo, professor, crítico literário, ensaísta e político brasileiro.

Biografia

Sílvio Romero era filho de André Ramos Romero, originário do norte de Portugal, comerciante bem-sucedido, e Maria Joaquina Vasconcelos da Silveira. Após os primeiros anos de escola em Lagarto, Sílvio foi para um internato, o "Ateneu Fluminense" no Rio de Janeiro, em 1863, portanto aos doze anos de idade. Aqui absolveu os estudos preparatórios para o ingresso na universidade. Dois professores do "Ateneu Fluminense" apontaram-lhe o caminho da cultura alemã. Um deles foi Dr. Francisco Primo de Souza Aguiar, um pedagogo talentoso que tinha vivido durante algum tempo na Alemanha, falava muito bem o alemão e era um admirador da cultura alemã. O outro era Hermann Joseph Freiherr von Tautphoeus, amigo do imperador Dom Pedro II e organizador do "Colégio Pedro II". A estes dois professores Sílvio Romero agradecia seu "germanismo" histórico, político e social.

Em 1868 Sílvio Romero veio para o Recife, para matricular-se na Faculdade de Direito. Foi aqui que travou conhecimento com seu patrício Tobias Barreto, que já estava no quarto ano de estudos e já era festejado como um poeta popular.

As tentativas fracassadas de Sílvio Romero de conseguir mais tarde, após obtenção do título de bacharel, o doutorado e posteriormente a cátedra de filosofia no curso preparatório, tiveram influência decisiva em sua carreira. Semelhante a Tobias Barreto, Sílvio Romero contraiu numerosos inimigos no corpo docente da faculdade, devido a violentas polêmicas. Também suscitou desagrado ao mencionar em sua tese de doutorado de 1875 um jurista totalmente desconhecido ao corpo docente, o alemão Rudolf von Ihering. Sílvio Romero, não tendo conseguido o título de doutor, viu-se obrigado a mudar-se para o Sul, em 1876, tornando-se juiz de direito em Parati, (Rio de Janeiro). Em 1879 mudou-se para o Rio de Janeiro, passando a colaborar na imprensa,com o pseudônimo Feuerbach. Em 1880 conseguiu ser aceito no corpo docente do "Colégio Pedro II" com a defesa de sua tese "Da interpretação filosófica na evolução dos fatos históricos". Mais tarde também foi professor de direito na Faculdade de Direito do Rio de Janeiro. Como tal, e como escritor assíduo, contribuiu muito para a divulgação das idéias da Escola de Recife no sul do País.

Casara-se em 1875 com Clarinda Diamantina Correia de Araujo, que faleceu em 1885. Casou em sugundas núpcias com Maria da Rocha Liberato em 1887. No ano seguinte publicou sua obra mais importante, a "História da Literatura Brasileira". Em 1890 Sílvio Romero organizou o Partido Nacional, pelo qual se candidatou a senador. Entretanto não conseguiu ser eleito e voltou ao Sergipe em 1891. No ano seguinte faleceu sua segunda esposa e em 1894 Sílvio Romero casou-se com Maria Pereira Barreto.

Sílvio Romero participou da fundação da Academia Brasileira de Letras, junto com Machado de Assis. Em 1898 foi eleito deputado federal pelo estado de Sergipe. Com a saude abalada pela tuberculose viajou para a Europa em busca de tratamento, permanecendo na França e em Portugal por tres meses. Em 1911 mudou-se para Juiz de Fora (Minas Gerais) onde fundou a Faculdade de Direito. Faleceu no Rio de Janeiro em 18 de julho de 1914, aos 63 anos de idade.

Germanismo

Sílvio Romero era lusitanista e nativista. Como tinha reconhecido a importância da psicologia e sociologia, o fulcro de sua atividade foi a crítica da literatura brasileira, da antropologia e etnologia brasileiras. O próprio Sílvio Romero via-se como "adepto do criticismo que se apoia em dados positivos, uma espécie de neo-kantianismo". Lutava contra o romantismo e indianismo. De fato, o indianismo não era verdadeiro nem históricamente real. Para Sílvio Romero o índio "nem é um brasileiro", ao menos não o verdadeiro brasileiro, como sustentavam os românticos, que seria antes o mestiço.

Sílvio Romero conseguiu seu lugar na historia da intelectualidade brasileira principalmente através de suas publicações crítico-literárias. De fato,revolucionou a crítica literária e foi o primeiro a encarar as expressões literárias como sinais indicadores do progresso histórico, ligados diretamente ao desenvolvimento do país.

Sílvio Romero representa uma época da literatura brasileira. Neste contexto são de grande importância "A Filosofia no Brasil", "Doutrina contra Doutrina - o Evolucionismo e o Positivismo no Brasil" e sua obra principal, " História da Literatura Brasileira", publicada inicialmente em 1888.

Sílvio Romero era admirador da cultura alemã. No prefácio que escreveu para os "Estudos Alemães" de Tobias Barreto, dizia: "O ideal, porém, da Alemanha como exemplo a seguir, tem tudo de nobilitante. Dela é que podem vir melhores idéias que reanimem (o povo brasileiro), sem tirar-lhe a consciência do seu próprio ser. A corrente francesa tem sufocado pela imitação, a individualidade deste povo. O germanismo que fornece idéias em vez de frases, vivificará a personalidade perdida da crítica de nós mesmos."

Na "História da Literatura Brasileira" ele distingue diversos tipos de "germanismo", aquele representado por Tobias Barreto, que considerava a Alemanha como único modelo no mundo das idéias, outro, defendido por ele mesmo e que consiste em mostrar o valor, o significado e a influência política, social e histórica do elemento alemão na cultura universal. Um terceiro tipo de "alemanismo" consistia para ele na imigração e colonização alemã no Sul. Segundo Romero, " no que se refere aos estrangeiros" ( referindo-se aos imigrantes, principalmente alemães), "devemos fazer com eles o que chamei de "colonização integral", isto é, distribuí-los por todo o País, principalmente no Norte e Oeste. Nada de ajuntamentos de dezenas ou centenas de milhares de uma única raça nas quatro províncias do Sul". Romero recomendava que os imigrantes fossem espalhados para que fossem "assimilados e não estorvassem a raça brasileira, que é um produto luso-brasileiro".

O afã de Sílvio Romero foi tamanho que chegou a escrever artigos sobre o "perigo alemão" no Sul do Brasil, como por exemplo no artigo "O Allemanismo no Sul do Brasil". A atitude de Sílvio Romero em muito contribuiu para acaloradas discussões na imprensa e constituiu a base ideológica para a perseguição de alemães e descendentes de alemães durante as duas Guerras Mundiais.

Sílvio Romero faleceu em 18 de julho de 1914 no Rio de Janeiro.

Fontes

Karl H. Oberacker: Freunde der deutschen Kultur in Brasilien (Federação dos Centros Culturais 25 de Julho) 1982

http://www.ensayistas.org/filosofos/brasil/romero/introd.htm

http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=154&sid=196