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Röhm-Putsch
O termo Röhm-Revolte (de Ernst Röhm), ou Röhm-Putsch, denomina a tentativa de golpe contra o governo de Adolf Hitler, desmantelada em junho e julho de 1934. O golpe vinha sendo planejado sob o codinome Nacht der langen Messer, (Noite das facas longas) denominação por vezes atribuida erroneamente à ação de desmantelamento do complô.
Índice
Antecedentes
Havia na SA uma ala “esquerdista”, representada por Ernst Röhm, que não se contentava com a revolução nacional-socialista. Almejava uma revolução “nacional-bolchevista”. A idéia nacional-bolchevista distinguia-se pelo seu caráter nacionalista, enquanto o bolchevismo soviético apresenta caráter internacionalista.
Após a vitória política do NSDAP, vários líderes da SA almejavam que esta se estabelecesse em embrião de uma nova força de Defesa Nacional. Tal desejo porém, estava inviabilizado pelo fato de que Adolf Hitler, quando de sua nomeação, tinha assegurado ao Presidente do Reich, Paul von Hindenburg, abster-se de qualquer intervenção na Reichswehr. Já durante sua detenção em Landsberg am Lech, Adolf Hitler tinha definido a preservação da Força de Defesa como regra imutável na reconstrução da NSDAP.
Ernst Röhm, não só contestava este posicionamento de forma verbal, como agia a favor de uma revolta, que se planejava sob o codinome de "Noite das facas longas" (Nacht der langen Messer).
- "Em inicios de março, um alarmado líder da SA, Viktor Lutze, denunciava a Rudolf Heß, testemunhos sobre planos concretos de Ernst Röhm de promover uma revolta contra o governo alemão" .[1]
- („Anfang März hinterbrachte ein beunruhigter SA-Führer, Viktor Lutze, Rudolf Heß Augenzeugenberichte über konkrete Pläne Ernst Röhms, gegen die deutsche Regierung zu putschen.“)
Ernst Röhm planejava abertamente a reorganização da SA e da Reichswehr, almejando uma mílícia sob o seu comando. Arquitetava planos no sentido de reorientar o futuro da Alemanha , o que envolvia alterações tanto na área militar como no desenvolvimento político-ideológico da nação. Mancomunava com partes da SA, da SS e com elementos do governo. Assim, Kurt von Schleicher elaborava uma lista secreta referente à composição do pretenso futuro gabinete da Chancelaria. Nesta lista constava Ernst Röhm como candidato a Ministro de Defesa do Reich.
Ernst Röhm planejava a criação de uma milícia de 300.000 homens, à parte da Reichswehr, o que porém contrariava a concepção de Adolf Hitler de uma Reichswehr oriunda do povo. Hitler tinha alertado a Röhm num diálogo reservado, em março de 1934, desta sua inabalável posição. Formava-se a rota de colisão, eis que Röhm não se dispunha a quaisquer compromissos políticos. Surgiram cisões entre os membros da SA. A desunião entre SA e SS crescia a olhos vistos. As inquietações internas na Alemanha ameaçavam resultar numa guerra civil, o que por sua vez colocaria a Alemanha à mercê de intervenções externas, especialmente por parte da França e da Polônia.
Em discurso proferido em 06 de julho de 1933 na Chancelaria do Reich, Adolf Hitler comunicou de forma indubitável, o término da revolução nacional-socialista.
O encerramento da revolução foi oficializada em comunicado pelo Ministro do Interior do Reich, Wilhelm Frick, em 11 de julho de 1933:
- ”O “Herr Reichskanzler” estabeleceu de forma inequívoca, que a revolução alemã está encerrada.”
- (“Der Herr Reichskanzler hat eindeutig festgestellt, daß die deutsche Revolution abgeschlossen ist.”)
É possível que Ernst Röhm tenha sido inclusive iludido por Kurt Schleicher, que o considerava instrumento útil na concretização de seu próprio plano de realizar um golpe militar. Em seu livro "Widerstand im Dritten Reich", Heinz Roth expõe:
- "Também a próxima tentativa de derrubada (do governo) – como todas posteriores – fracassaria. Em cooperação entre Schleicher, cujo contato com a "resistência" também funcioanva sob o Kapitän Conrad Patzig, o mencionado Hammersteinkreis e os Jungkonservativen em torno de Edgar Jung, pretendia este, tirar Adolf Hitler do poder (Aus dem Sattel heben) de forma "legal", ainda antes do temido falecimento de Hindenburg. Como ápice do movimento, deveria ser proclamada a ditadura militar em 01 de julho de 1934. Schleicher há tempos tinha se empenhado com sucesso, a intrigar intermediários de Röhm contra Adolf Hitler. Este teria que ser destruido pela pressão entre as exigências da chefia do Stab (Ernst Röhm), por mais poder e a consequente resistência da Reichswehr". [2]
- („Auch der nächste Umsturzversuch sollte, — wie alle späteren — scheitern. Im Zusammenwirken zwischen Schleicher, dessen Kontakt zur ,Abwehr' auch unter Kapitän Patzig funktionierte, dem erwähnten ,Hammersteinkreis' und den ,Jungkonservativen' um Dr. Edgar Jung, beabsichtigte dieser, Adolf Hitler noch vor dem befürchteten Ableben Hindenburgs ,legal' aus dem Sattel zu heben. Als Höhepunkt des Unternehmens sollte am 1. Juli 1934 die Militärdiktatur ausgerufen werden. Schleicher hatte sich seit langem, mit wachsendem Erfolg, bemüht, durch Mittelsleute Röhm gegen Adolf Hitler auszuspielen. Adolf Hitler sollte zwischen den Forderungen des Stabchefs nach militärischer Macht und der sich dagegen zur Wehr setzenden Reichswehr zerrieben werden.“)
A intervenção
Em 30 de junho e 01 de julho de 1934, as lideranças da SA foram detidas numa ação que se antecipou ao golpe iminente, e posteriormente executadas por um comando especialmente formado para tanto pela Leibstandarte SS Adolf Hitler, sob a chefia de Josef Dietrich.
Ernst Röhm e alguns líderes da SA foram aprisionados no estabelecimento prisional de Stadelheim em Munique, aonde em circunstâncias não plenamente esclarecidas, perderam suas vidas. Em seu discurso de 13 de julho de 1934, Adolf Hitler expôs exaustivamente o desenvolvimento do movimento subversivo, sua descoberta e eliminação.
- "Há varios meses foi tentado por alguns elementos, criar cunhas entre a SA e o partido, asim como entre SA e o Estado, criar contrariedades. A suspeita de que estas tentativas restringiam-se a uma clique de orientação específica, confirmava-se mais e mais. O Stabschef Röhm, que tinha recebido rara (especial) confiança do Führer, não só não combatia estas ocorrências, como ainda as fomentava. [...] O Stabschef Röhm estabeleceu negociações com o General Streicher (Kurt von Schleicher), sem o conhecimento do Führer.[...] Como estas negociações finalmente – e naturalmente também sem o conhecimento do Führer – se estendiam em direção à uma potência estrangeira, quer dizer, à sua representação; do ponto de vista do partido com como do ponto de vista do Estado, uma intervenção não podia mais ser evitada. [...][3]
- ("Seit vielen Monaten wurde von einzelnen Elementen versucht, zwischen SA und Partei sowohl wie zwischen SA und Staat Keile zu treiben und Gegensätze zu erzeugen. Der Verdacht, daß diese Versuche einer beschränkten, besonders eingestellten Clique zuzuschreiben sind, wurde mehr und mehr bestätigt. Stabschef Röhm, der vom Führer mit seltenem Vertrauen ausgestattet worden war, trat diesen Erscheinungen nicht nur nicht entgegen, sondern förderte sie unzweifelhaft. […] Stabschef Röhm trat ohne Wissen des Führers mit General Schleicher in Beziehungen. […] Da diese Verhandlungen endlich – natürlich ebenfalls ohne Wissen des Führers – zu einer auswärtigen Macht bzw. deren Vertretung sich hinerstreckten, war sowohl vom Standpunkt der Partei wie auch vom Standpunkt des Staates ein Einschreiten nicht mehr zu umgehen.")
O jornal "Die Frankfurter Zeitung" de 02 de julho de 1934 informou na primeira página:
- "Ernst Röhm fuzilado" – Ao outrora Stabschef Ernst Röhm foi dada a oportunidade de tirar as conseências de suas ações traidoras. Não o fez, e em decorrência foi fuzilado. :[4]
- („Ernst Röhm erschossen - Dem ehemaligen Stabschef Röhm ist Gelegenheit gegeben worden, die Konsequenzen aus seinem verräterischen Handeln zu ziehen. Er tat das nicht und wurde daraufhin erschossen.“)
Posicionamento legal
Conforme documentação apensada no "Tribunal de Nürnberg", as execuções foram consideradas legais pelo Presidente Paul von Hindenburg, conforme telegrama deste a Adolf Hitler: [5] Também Franz von Papen considerava as execuções como uma justificada medida de exceção .[6]
Consequências
A SA foi reorganizada e reduzida em sua quantidade de chefias (Stab). A SS tornou-se uma unidade independente. O Reichskabinett agradeceu ao Führer em sessão de 03 de julho e deliberou a lei sobre as medidas em legitima defesa do Estado. (Gesetz über die Maßnahmen der Staatsnotwehr) Em sessão do Reichstagssitzung convocada para esclarecimentos do Röhm-Putsch, Adolf Hitler expôs o resumo dos acontecimentos bem como a quantidade e a identificação dos executados de 30 de junho a 02 de julho de 1934: Conforme o exposto, 19 lideres de nível superior e 31 de nível intermediário na SA, 03 líderes da SS, e 5 membros da NSDAP foram fuzilados. Por imporem resistência, foram fuzilados 13 lideres da SA ou civis, durante a captura. Comprometidos com o complô foram fuzilados os seguintes membro da SA: Os Obergruppenführer A. Schneidhuber e E. Heines Os Gruppenführer K. Ernst, W. Schmid, H. Hayn e H-P von Heyderbreck O Standartenführer H-E. Graf Spreti O outrora Reichsminister General a.D. von Schleicher reagiu armado à ordem de prisão lhe transmitida por autoridades, na decorrente troca de tiros, ele e sua esposa que se interpôs, foram feridos mortalmente.
Em 17 de agosto de 1934, Hermann Göring ordenou, em base na lei da anistia de 10 de agosto de 1934, a libertação de 1079 elementos colocados em prisão preventiva.
Reações no Exterior
Declaração de Phillip Barres - Paris Matin sobre o discurso de Adolf Hitler, de 13 de julho de 1934 :
- " Quem não ouviu estas palavras, não viu o salão, no qual representantes do povo (Abgeordnete), público. [...] os jornalistas, se levantaram em júbilo como uma só pessoa, - não viu nada da Alemanha."
- ("Wer diese Worte nicht gehört hat, nicht den Saal sah, in dem sich Abgeordnete, Publikum, […] die Journalisten wie ein Mann erhoben und ihm zujubelten, der hat nichts gesehen von Deutschland.")
Filme
- BRD-Fernsehspiel 1970: Der Röhm-Putsch
Literatura
- Heinz Roth: „Widerstand im Dritten Reich“ (1976) (arquivo-PDF)
Referências
- Rudolf Jordan: „Schicksalstag der deutschen Revolution“
Notas de rodapé
- ↑ veja: David Irving: „Rudolf Heß - Ein gescheiterter Friedensbote“, 2003
- ↑ Heinz Roth: „Widerstand im Dritten Reich“ (1976) (arquivo PDF)
- ↑ Germania – Zeitung für das Deutsche Volk de 01 de julho de 1934, pág 01 - „Eine Erklärung der Reichspressestelle der NSDAP“
- ↑ Frankfurter Zeitung, 02 de julho de 1934, pág. 01
- ↑ XX 291 [319]; XXI 350 [386]; 577-578 [636-637]; XXII 117 [134-135]
- ↑ XVI 364 [401]