Jean Thiriart

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Jean-François Thiriart (1922 - 1992) foi um político belga empenhado na edificação de um nacionalismo unitário europeu.

Juventude

Jean Thiriart nasceu em Liége em 1922, no seio de uma família liberal, tendo iniciado a sua vida política com a idade de 15 anos na organização Jeune Garde Socialiste, apêndice do Partido Comunista Belga. Contudo com o início da Segunda Guerra Mundial, Thiriart convence-se que era necessário suprimir os sentimentos nacionalistas estreitos, para dessa forma ultrapassar a crise suicidária da Europa, a qual somente poderia conhecer a paz mediante a unidade das nações europeias. Não será de estranhar então que ele ingresse numa associação denominada «Amigos do Grande Reich Alemão», com o intuito de agrupar elementos da extrema-esquerda favoráveis ao processo de unificação da Europa.

Sicretismo ideológico

Terminado o conflito que ceifou milhões de vidas e dividiu o Continente europeu em dois blocos antagónicos, Jean Thiriart conheceu a vingança dos libertadores. Assim, o jovem Thiriart passa três anos encarcerado, local onde pode conhecer a faceta mais aviltante do carácter humano, referindo mais tarde numa entrevista que “A prisão é o reino da estupidez. O pessoal penitenciário é recrutado entre o sub-proletariado. Os Directores de prisão são geralmente os fracassados da burocracia estatal.

Já nos anos 60, Jean Thiriart volta à actividade política fundando um Comité de Acção e Defesa dos Belgas de África, organização que poucas semanas depois se converterá em Movimento de Acção Cívica, o qual Thiriart rapidamente transfigura, passando o mesma de grupo político populista para uma organização de carácter revolucionário, apoiando totalmente a OAS (Organização do Exército Secreto, formação francesa clandestina que apoiava a presença dos colonos deste país na Argélia e que pretendia fazer um golpe de Estado em França). É conveniente relembrar que por esta época os nacionalistas na Europa encaravam as províncias ultramarinas como parte integrante das suas respectivas nações e como territórios de importância geopolítica vital no âmbito da Guerra Fria.

Porém a inexorável marcha da História levou Thiriart a focalizar a sua atenção nos assuntos cruciais da vida europeia, dado que a política caseira da sua pequena Bélgica era igualmente redutora para as suas ambições. Desprezando os micro-nacionalismos, que ele designava por “patriotismo paralítico dos cemitérios”, e que tinham provocado duas guerras fratricidas entre irmãos, Thiriart promove em 1962, na cidade italiana de Veneza, uma reunião de vários partidos europeus, nomeadamente o Movimento Social Italiano, o Partido Socialista do Reich Alemão, liderado por Otto Ernst Remer, e o Movimento pela União de Oswald Mosley, representando a Grã-Bretanha. O objectivo primário deste encontro era a adopção de uma nova estratégia que passava pela ruptura com os nacionalistas reaccionários, visceralmente anti-comunistas e vendidos ao imperialismo Norte-Americano. Em declaração conjunta os dirigentes destes partidos decidiram que era imperioso criar um “Partido Nacional Europeu”, assente na ideia da unidade europeia, rechaçando a submissão da Europa aos EUA e promovendo a unificação com as nações irmãs de Leste, subjugadas pelo imperialismo soviético. Porém este projecto não passou das intenções, pois as rivalidades entre os "nacional-egoístas" não permitiram a concretização do mesmo. Thiriart compreendeu que não era possível avançar com os elementos da extrema-direita, cujos postulados arcaicos, resquícios do nacionalismo do século XIX, filho da revolução de 1789, impediam a construção de uma verdadeira estrutura vanguardista, isto é revolucionária, apostada na construção da Grande Europa de “Lisboa a Vladivostok”. Ora para ele “o conceito da Europa das Pátrias é o mais estúpido de todos… os nacionalismos estreitos são contraditórios entre si. O alemão contradiz o polaco, o polaco contradiz o russo, o húngaro contradiz o romeno, o francês contradiz o alemão, o inglês contradiz o espanhol. Cada nacionalismo é repulsivo para o vizinho. É o sistema da «repulsa simétrica»”.

Jovem Europa

Assim, partindo da conclusão que era incontornável a fundação de um Partido Revolucionário Europeu que agrupasse organizações políticas de toda a Europa opostas à nova ordem saída de Yalta e às grandes potências imperialistas, Jean Thiriart rodeia-se de uma notável equipa de seguidores, realizando um exaustivo trabalho doutrinal, que culminará com a criação em 1963 da estrutura pan-europeia Jovem Europa, a qual rapidamente estabeleceu secções na Alemanha, Áustria, Espanha, Grã-bretanha, França, Holanda, Itália, Suiça e Portugal. Esta organização marcará indelevelmente o meio nacionalista pela imposição de um novo estilo e ideologia revolucionária, bem como pelo corte radical com os nacionalismos passadistas. Partindo do preceito de Lenine de que “Não há movimento revolucionário sem vanguarda, nem vanguarda sem elite”, a Jovem Europa caracterizou-se desde logo pela intensa preparação ideológica dos seus militantes através das escolas de formação de quadros. Empenhando todas as suas energias na expansão e fortalecimento da Jovem Europa, Thiriart equacionou mesmo ser possível a criação de umas Brigadas Nacional Europeias para ajudar na libertação dos irmãos europeus de Leste, hipótese que não se concretizou de facto. No entanto será não de somenos importância sublinhar que Jean Thiriart nunca foi um anti-comunista primário, pelo contrário ele sempre defendeu que o imperialismo Norte-Americano era de longe mais nocivo que o soviético, já que este último era “fruta que não tardaria a cair da árvore da história”, como, aliás, foi confirmado pelos factos.

Após mais uma temporada na prisão, Thiriart apresenta em 1964 um notável ensaio, que começara precisamente a redigir na prisão, intitulado "Europa: Um Império de 400 milhões de homens", obra-mestra na qual Thiriart teorizou as premissas para a materialização da unidade europeia, tendo a versão portuguesa da mesma conhecido a estampa em 1965, sendo hoje praticamente impossível de adquirir.

Declínio da Jovem Europa

Os anos 70, anos de desenvolvimento económico acelerado, vêm por seu turno travar a ascensão da Jovem Europa, uma vez que as condições objectivas para o crescimento de um movimento revolucionário à escala do continente europeu eram agora adversas. Todavia, a estrutura manteve-se apoiada na publicação oficial do partido a Nation Européenne, que contava com inúmeros e destacados colaboradores europeus e estrangeiros, particularmente ligados aos movimentos nacionalistas de libertação de todo o mundo.

É nesta época conturbada que Jean Thiriart decide abandonar a militância activa, decepcionado com as cisões que afectavam a Jovem Europa, tanto à direita como à esquerda, e também pela persistência das tendências micro-nacionalistas ou ainda pela confusão existente entre os próprios pan-europeístas. “Alguns sonham com uma Europa socialista, outros, com uma Europa católica. Há quem deseje uma Europa latina e quem a deseje germânica. Entretanto todos esses sonhadores aceitam servilmente uma Europa Norte-Americana”, desabafou Thiriart.

A tentação Nacional-comunista

Já nos anos 80, Jean Thiriart retoma a actividade política junto do Partido Comunitarista Nacional-Europeu, redigindo artigos para a revista Le partisan européen. Com a queda do Muro de Berlim, e consequente desmoronar da galáxia soviética, que Thiriart profetizara largos anos antes, ocorre uma drástica mudança geopolítica no mundo, fortalecendo-se os EUA como a única potência imperialista à escala global, agora sem oposição alguma aos seus intentos. Em 1992, Thiriart desloca-se a Moscovo, encabeçando uma delegação nacional-europeísta, para ser recebido com o número dois do aparelho soviético, Egor Ligatchov. Ultrapassado pelos factos que se desenrolavam a ritmo alucinante, decide, num último esforço, apoiar a coligação de forças negro-vermelhas, entenda-se nacionalistas e comunistas, com o intuito de impedir que o liberal-capitalismo se apoderasse do Poder, como afinal veio a acontecer.

A 23 de Novembro de 1992 Jean Thiriart deixou o mundo dos vivos, com a idade de 70 anos, deixando, não obstante, um volumoso legado ideológico e doutrinário.

Consulte também

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