Divisão Azul

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Voluntários espanhóis da Divisão Azul.

A Divisão Azul (em alemão Blaue Division e em espanhol División Española de Voluntarios) designada como 250. Einheit spanischer Freiwilliger da Wehrmacht, foi uma unidade de voluntários espanhóis (e alguns portugueses) que serviu a partir de 1941 (e oficialmente até 1943) no Exército Alemão durante a Segunda Guerra Mundial, mais especificamente na frente oriental contra a União Soviética. Um total de 46.000 voluntários integraram a Divisão Azul.

Embora o Generalissimo Francisco Franco não apoiasse oficialmente a entrada da Espanha na guerra ao lado do Eixo, ele permitiu que voluntários de seu país se juntassem ao Exército Alemão para, exclusivamente, lutarem contra o bolchevismo e não contra os aliados ocidentais ou qualquer outro país ou população da Europa. Foi a forma que ele encontrou para compensar a ajuda que Hitler lhe havia dado durante a Guerra Civil Espanhola (Legião Condor), e se manter, simultaneamente, neutro com os países que lutavam contra o Terceiro Reich. O governo de Salazar, que era oficialmente neutral em relação ao conflito, permitiu a integração de uma cota de voluntários portugueses na Divisão Azul.

Formação

Com o início da Operação Barbarossa em junho de 1941, Franco ofereceu a Berlim diversos voluntários do Exército Espanhol, veteranos da Guerra Civil Espanhola e membros da Falange, que se apresentaram nos grandes centros urbanos, principalmente Barcelona, Valência e Sevilha. A procura foi tanta que as autoridades concluíram que se poderia formar uma divisão de infantaria completa, com um contingente inicial de 18.104 homens, dos quais 2.612 eram oficiais. Para liderar este efetivo Franco designou o Major-general Augustin Muñoz Grandes, um veterano de sucesso durante a Guerra Civil Espanhola.

Em julho de 1941 partiu o primeiro grupo de voluntários para um intensivo treinamento de cinco semanas em Grafenwöhr na Baviera. Ali eles formaram a 250ª Divisão de Infantaria e trocaram seus antigos uniformes azuis (que deu origem ao nome Divisão Azul) pela farda cinza utilizada pela Werhmacht com a adição de um emblema na altura do braço direito com as cores da bandeira espanhola. A nova divisão também adotou o padrão formal de composição do exército germânico, subdividindo-se em três regimentos de infantaria (262º, 263º e 269º); cada um destes composto por três batalhões com quatro companhias cada. Ainda havia, para dar suporte, um regimento de artilharia (250º) composto por quatro batalhões de três baterias cada. Completava o contingente 1 batalhão de infantaria de reserva, 1 batalhão antitanque e unidades de reconhecimento, comunicação, transporte, médico, veterinário, policial e correio. Os aviadores voluntários formaram a Esquadrilha Azul, a qual, a bordo de aviões Bf 109s e Fw 190s, foi creditada com 156 derrubadas de aviões soviéticos.

Entrada na guerra

Em 20 de agosto, após fazer o juramento, a Divisão Azul foi enviada à frente oriental e estava pronta para o combate sendo incorporada ao Grupo de Exércitos Centro (Marechal von Bock) que tinha por objetivo principal a tomada de Moscou. Foi transportada por trem a Suwalki, Polônia, de onde tiveram de continuar a pé. Depois de atravessar os territórios da Lituânia e Bielorrússia até a cidade de Smolensk. Durante a marcha uma contraordem do Alto Comando Alemão (OKW), em fins de setembro de 1941, fez com que a divisão fosse realocada ao Grupo de Exércitos Norte (Marechal von Leeb), integrada ao XVI Exército (General Busch), cujo objetivo era tomar Leningrado, cidade no noroeste da União Soviética fronteiriça à Finlândia.

Na noite de 12 de outubro de 1941 a Divisão Azul teve seu batismo de fogo ao se defrontar com um batalhão soviético que tentava atravessar o rio Volkhov em meio a escuridão. A investida soviética foi detida deixando pra trás cerca de 50 mortos e 80 prisioneiros. Quatro dias depois, numa segunda tentativa, o Exército Vermelho foi, novamente, rechaçado. A batalha pela posse do rio tornou-se violenta, mas os espanhóis souberam manter uma cabeça-de-ponte do outro lado da margem mesmo sofrendo pesadas baixas da artilharia inimiga. Até o final daquele mês algumas cidadezinhas foram capturadas pelo caminho muito embora os soviéticos, constantemente, realizassem contra-ataques. No começo de novembro a frente se estabilizou próximo à cidade de Nikitkino devido as baixíssimas temperaturas. O inimigo se reorganizou e, acostumado ao frio, fez com que as tropas da 250ª Divisão recuassem, tomando-lhes as pequenas cidades antes conquistadas. Novamente a batalha se focou pela tomada do rio Volkhov, agora completamente congelado.

Durante abril e maio de 1942 os primeiros reforços começaram a chegar para substituir as perdas humanas. As operações da Divisão Azul, nesse período, se limitaram a manter a linha conquistada além de pequenas incursões de limpeza e observação durante as quais foram capturados materiais do inimigo e alguns prisioneiros, inclusive o General Vlasov (comandante do 2º Exército de Choque), que mais tarde passaria a lutar ao lado dos alemães com o Exército Russo de Libertação.

Batalha de Krazny Bor

Em agosto de 1942 os voluntários espanhóis foram transferidos do flanco norte para o sudeste do cerco à Leningrado. Ali, em fevereiro de 1943, eles sofreram uma forte contra-ofensiva soviética (revigorada após a recente vitória na Batalha de Estalinegrado), na cidade de Krasny Bor, próximo da rota Leningrado-Moscou. Os esapanhóis com 5.900 fizeram frente a 4 divisões soviéticas (44.000 homens) e 100 carros de combates. Mesmo sofrendo pesadas baixas, perdendo 4.000 homens e ainda 300 aprisionados, os espanhóis detiveram os ataques soviéticos em sete ocasiões, que perderam entre 11.000 e 14.000 homens. O assalto foi contido e o cerco à Leningrado mantido por mais um ano. A estabilização da linha fez com que os generais alemães passassem a dar mais valor aos combatentes espanhóis. Para repor as grandes perdas na batalha, Franco enviou mais reforços com a adição de alistados compulsoriamente.

Repatriação

De qualquer forma, o ano de 1943 estava sendo terrível para o Exército Alemão em toda frente leste. Após a derrota de Estalinegrado e o fracasso da ofensiva em Kursk, a linha estava em franca retirada. Na Espanha o Generalissimo vinha sofrendo pressões em seu governo, principalmente da Igreja Católica e de membros da Falange, para encerrar a participação dos espanhóis na guerra e a quase-aliança com a Alemanha. Houve início das negociações e em outubro Franco deu a ordem definitiva, substituiu o comandante por Emilio Esteban Infantes e iniciou os procedimentos para dissolução da divisão e repatriação dos homens. Alguns voluntários (600) se recusaram a retornar e foram alocados em legiões de estrangeiros (Legião Azul) em várias unidades do Exército e até nas Waffen-SS.

O número de perdas da Divisão Azul na guerra é de aproximadamente 5 mil mortos e 8.800 feridos ou desaparecidos, sem contar as baixas por doenças ou pela intensidade do frio. Dos que se recusaram a retornar à Espanha e permaneceram lutando, após outubro de 1943, 372 foram aprisionados pelos soviéticos dos quais 286 permaneceram em cativeiro até 1954, quando voltaram para a Espanha no navio Semíramis, fretada pela Cruz Vermelha (em 2 de abril de 1954).

O Exército Alemão soube recompensar o grande esforço feito pela Divisão Azul, pois muitos dos voluntários foram condecorados com medalhas alemães por bravura em combate diante do inimigo. Instituiu, inclusive, em janeiro de 1944, uma medalha para homenagear todos estes combatentes - a Medalha da Divisão Azul.

Ligações externas