Aquilino Ribeiro

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Aquilino Ribeiro

Aquilino Gomes Ribeiro (* 13 de Setembro de 1885 em Tabosa do Carregal (Portugal); † 27 de Maio de 1963 em Lisboa) foi um escritor e anarquista português.

É considerado por alguns como um dos romancistas mais fecundos da primeira metade do século XX. Inicia a sua obra em 1907 com o folhetim "A Filha do Jardineiro" e depois 1913 com os contos de Jardim das Tormentas e com o romance A Via Sinuosa, 1918, e mantém a qualidade literária na maioria dos seus textos, publicados com regularidade e êxito junto do público e da crítica.

Cronologia

  • 1885 - Nasce no Carregal (concelho de Sernancelhe) em 13 de Setembro. É baptizado na Igreja Matriz dos Alhais(Concelho de Vila Nova de Paiva).
  • 1895 - Frequenta o Colégio da Lapa. Faz exame de instrução primária.
  • 1900 - Entra no Colégio Roseira, de Lamego. Estuda Filosofia em Viseu. Entra depois no Seminário de Beja, obedecendo a um desejo da sua mãe que queria fazê-lo sacerdote.
  • 1903 - Por falta de vocação, abandona os seus estudos durante a primeira parte do Curso Teológico no Seminário de Beja e fixa-se em Lisboa.
  • 1904 - Regressa a Soutosa.
  • 1906 - Vai para Lisboa. Colabora no jornal republicano A Vanguarda.
  • 1907 - Em parceria com José Ferreira da Silva escreve A Filha do Jardineiro, obra de ficção de propaganda republicana e de crítica às figuras do regime.
  • 1907 - Entra para a Loja Montanha do Grande Oriente Lusitano, em Lisboa, a convite de Luz de Almeida.
  • 1907 - É preso por ser anarquista na sequência de uma explosão no seu quarto na Rua do Carrião, a 28 de Novembro, em Lisboa, na qual morre um carbonário.
  • 1908 - Evade-se da prisão em 12 de Janeiro e durante a clandestinidade em Lisboa mantém os contactos com os regicidas, refugiado numa casa de Meira e Sousa, na Rua Nova do Almada, em frente da Boa Hora.
  • 1910 - Estuda na Faculdade de Letras da Sorbonne. Vem a Portugal após o 5 de Outubro e regressa a Paris, onde conhecera Grete Tiedemann.
  • 1912 - Reside alguns meses na Alemanha.
  • 1913 - Casa com Grete Tiedemann e regressa a Paris. Publica o livro Jardim das Tormentas.
  • 1914 - Nasce o primeiro filho, Aníbal Aquilino Fritz. Declarada a 1ª Guerra Mundial, Aquilino regressa a Portugal, sem ter terminado a licenciatura.
  • 1915 - É colocado como professor no Liceu Camões, onde ficará durante três anos.
  • 1918 - Publica A Via Sinuosa.
  • 1919 - Entra para a Biblioteca Nacional de Portugal, a convite de Raul Proença. Convive com o chamado grupo da Biblioteca onde pontificam Jaime Cortesão e Raul Proença. Publica Terras do Demo. É na Biblioteca Nacional que Aquilino Ribeiro é procurado por pessoas de suas relações para lhe mostrarem uma Acta do Regicídio.
  • 1921 - Integra a direcção da revista Seara Nova.
  • 1922 - Publica O Malhadinhas integrado no livro Estrada de Santiago.
  • 1927 - Entra na revolta de 7 de Fevereiro, em Lisboa. Exila-se em Paris. No fim do ano regressa a Portugal, clandestinamente. Morre a primeira mulher.
  • 1928 - Entra na revolta de Pinhel. Encarcerado no presídio de Fontelo (Viseu), evade-se e volta a Paris.
  • 1929 - Casa com Jerónima Dantas Machado, filha de Bernardino Machado.

Em Lisboa é julgado à revelia em Tribunal Militar, e condenado.

  • 1930 - Nasce-lhe o segundo filho, Aquilino Ribeiro Machado.
  • 1931 - Vai viver para a Galiza.
  • 1932 - Volta a Portugal clandestinamente.
  • 1933 - Recebe o Prémio Ricardo Malheiros da Academia das Ciências de Lisboa, pelo seu livro As Três Mulheres de Sansão.
  • 1935 - É eleito sócio correspondente da Academia das Ciências de Lisboa.
  • 1946 - Publica Aldeia, Terra, Gente e Bichos.
  • 1951 - Publica Geografia Sentimental.
  • 1952 - Faz uma viagem ao Brasil onde é homenageado por escritores e artistas, na Academia Brasileira de Letras.
  • 1956 - É fundador e presidente da Sociedade Portuguesa de Escritores.
  • 1957 - Publica A Casa Grande de Romarigães.
  • 1958 - Publica Quando os Lobos Uivam. É nomeado sócio efectivo da Academia das Ciências de Lisboa. É militante da candidatura de Humberto Delgado à presidência da República.
  • 1960 - É proposto para o Prémio Nobel da Literatura por Francisco Vieira de Almeida, proposta subscrita por José Cardoso Pires, David Mourão-Ferreira, Urbano Tavares Rodrigues, José Gomes Ferreira, Maria Judite de Carvalho, Mário Soares, Vitorino Nemésio, Abel Manta, Alves Redol, Luísa Dacosta, Vergílio Ferreira, entre muitos outros.
  • 1961 - Vai a Londres e Paris.
  • 1962 - Nasce-lhe a primeira neta, Mariana, a quem dedica O Livro da Marianinha.
  • 1963 - É homenageado em várias cidades do país por ocasião dos cinquenta anos de vida literária. Morre no dia 27 de Maio. Nessa mesma hora, a Censura comunicava aos jornais não ser mais permitido falar das homenagens que lhe estavam a ser prestadas.
  • 1972 - É publicado o livro de memórias Um Escritor Confessa-se. Como escreve José Gomes Ferreira no prefácio Aquilino sabe mentir a verdade.
  • 2007 - A Assembleia da República decide homenagear a sua memória e conceder aos seus restos mortais as honras de Panteão Nacional.

A obra

A linguagem de Aquilino Ribeiro caracteriza-se fundamentalmente por uma excepcional riqueza lexicológica e pelo uso de construções frásicas de raiz popular, cheias de provincianismos.

Aquilino foi sobretudo um estilista e, por isso, a sua linguagem vernácula e sem estrangeirismos é arejada, frequentemente condimentada nos diálogos com expressões entre grotescas e satíricas.

Apesar de ter optado por uma literatura de tradição, Aquilino procurou ao longo da sua vida uma renovação contínua de temas e processos, tornando-se assim muito difícil sistematizar a temática da sua vastíssima obra.

Num número considerável de obras, Aquilino reflecte, ainda que distorcidas pela imaginação, cenas da sua vida: o convívio com as gentes do campo, a educação ministrada pelos sacerdotes, as conspirações políticas, as fugas rocambolescas, os exílios.

Até 1932, ano em que fixa residência na Cruz Quebrada, todos os ambientes, contextos e personagens que Aquilino cria, remetem para a sua querida Beira natal. O Malhadinhas, Andam Faunos pelos Bosques e Terras do Demo constituem o melhor exemplo desta situação. De facto, ver-nos-emos, com uma extrema facilidade, envolvidos com as suas personagens beiroas, os seus costumes, tradições e modos de falar típico. É certo que este processo tem as suas vantagens e interesse, mas limita em demasia os horizontes enquanto escritor.

Aquilino Ribeiro como escritor não pode ser enquadrado em nenhuma das escolas e tendências da sua época.

Aquilino foi, sem dúvida um dos maiores escritores da Lingua Portuguesa.

Bibliografia

Contos

  • A Filha do Jardineiro (1907)
  • Jardim das Tormentas (1913)
  • Estrada de Santiago, onde se inclui o Malhadinhas (1922)
  • Quando ao Gavião Cai a Pena (1935)
  • Arca de Noé I, II e III (todos de 1963)


Romances e novelas

  • A Via Sinuosa (1918)
  • Terras do Demo (1919)
  • Filhas da Babilónia (1920)
  • Andam Faunos pelos Bosques (1926)
  • O Homem Que Matou o Diabo (1930)
  • A Batalha sem Fim (1932)
  • As Três Mulheres de Sansão (1932)
  • Maria Benigna (1933)
  • Aventura Maravilhosa (1936)
  • S. Bonaboião, Anacoreta e Mártir (1937)
  • Mónica (1939)
  • O Servo de Deus e a Casa Roubada (1941)
  • Volfrâmio (1943)
  • Lápides Partidas (1945)
  • Caminhos Errados (1947)
  • O Arcanjo Negro (1947)
  • Cinco Réis de Gente (1948)
  • A Casa Grande de Romarigães (1957)
  • Quando os Lobos Uivam (1958)
  • Casa do Escorpião (1963)
  • O Romance da Raposa (1959)

Citações acerca do autor

"É um inimigo do Regime. Dir-lhe-á mal de mim; mas não importa: é um grande escritor." - António de Oliveira Salazar, sobre Aquilino Ribeiro.

Ligações externas