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Antero de Quental
Antero Tarquínio de Quental (* 18 de Abril de 1842 em Ponta Delgada, Açores; † 11 de Setembro de 1891 ibidem) foi um escritor e poeta português. Desde de jovem destacou-se pelas suas opiniões revolucionárias e pela forma de estar na vida. Lutador e muito congruente com os seus ideais socialistas.
Antero espalhou saber pela poesia, filosofia e política. Estudou direito em Coimbra, onde brilhou como líder estudantil. Foi o guia espiritual da geração de 70, um agitador político a “tempo inteiro”, que se afirmou pelo desejo de intervenção e renovação da vida política e cultural portuguesa. Tinha uma personalidade complexa, que oscilava entre a euforia e a mais profunda depressão, acabando em suicídio.
Notas biográficas
Antero de Quental nasceu na ilha de S. Miguel, Açores. Herdou em 1873 uma quantia considerável de dinheiro, o que lhe permitiu viver desafogadamente, dos rendimentos dessa fortuna.
Em 1852, com 13 anos, vem com a sua mãe, para Lisboa. Em Julho de 1858 matriculou-se na Faculdade de Direito, de Coimbra. O primeiro ano decorreu de forma atribulada. Um excesso cometido durante a praxe aos caloiros custou a Antero de Quental oito dias de prisão. Era muito conhecido no meio académico. Concluiu o curso em Julho de 1864.
Em 1865, foi um dos principais envolvidos na polêmica conhecida por Questão Coimbrã, em que humilhou António Feliciano de Castilho, seu antigo professor e renomado crítico literário que se tinha por cânone para os escritores nacionais: ao livro Odes modernas de Antero, Castilho respondeu com críticas duras sobre o aventureirismo de um jovem tolo que escrevia de forma assaz estranha e de gosto muito duvidoso. Antero respondeu com o opúsculo Bom senso e bom gosto, a que definia a sua literatura por oposição à instituída: ao Ultra-Romantismo decadente e degradado, Antero opunha o Realismo, a exposição da vida tal como ela era, das chagas da sociedade, da pobreza, da exploração: estas preocupações sociais levaram-no a co-fundar o Partido Socialista Português: Antero defendia a poesia como Voz da Revolução, como forma de alertar as consciências para as desigualdades sociais e para os problemas da humanidade.
A polémica só terminou com um duelo entre Antero de Quental e Ramalho Ortigão travado, a 6 de Fevereiro de 1866, no Jardim de Arca d'Água, no Porto, que se saldou por ferimentos ligeiros.
Ainda em 1866 foi viver em Lisboa, onde experimentou a vida de operário, trabalhando como tipógrafo. Uma profissão que exerceu também em Paris, em janeiro e fevereiro de 1867. Em 1868 regressou a Lisboa, onde formou o Cenáculo, de que fizeram parte, entre outros, Eça de Queirós e Ramalho Ortigão. Em 1874 adoeceu de psicose maníaco-depressiva (doença bipolar), que desde então o afligiu. Foi convidado pelo Partido Republicano para candidatar-se como deputado, mas teve de recusar.
Em 1890, devido à reacção nacional contra o ultimato inglês, de 11 de Janeiro, aceita presidir à Liga Patriótica do Norte, mas a existência da Liga é efémera. Quando regressou a Lisboa, em Maio de 1891, instalou-se em casa da irmã, Ana de Quental. Neste momento o seu estado de depressão era permanente. Passado um mês, em Junho de 1891, regressa a Ponta Delgada, acabando por suicidar-se dia 11 de Setembro de 1891, com um tiro na cabeça, disparado num banco de jardim.
Para Antero de Quental, havia os ideais da fraternidade e solidariedade que não seriam ignorados. Foi um dos que trouxeram o socialismo, o republicanismo e o marxismo para a discussão pública
Análise da obra
A poesia de Antero de Quental apresenta três faces distintas:
- A das experiências juvenis, em que coexistem diversas tendências
- A da poesia militante, empenhada em agir como “voz da revolução”
- E a da poesia de tom metafísico, voltada para a expressão da angustia de quem busca um sentido para a existência.
A oscilação entre uma poesia de combate, dedicada ao elogio da acção e da capacidade humana, e uma poesia intimista, direcionada para a análise de uma individualidade angustiada, parece ter sido constante na obra madura de Antero, abandonando a posição que costumava enxergar uma sequência cronológica de três fases.
Antero atinge um maior grau de elaboração em seus sonetos, considerados dos melhores da língua e comparados aos de Camões e aos de Bocage. Há, na verdade, alguns pontos de contato estilísticos e temáticos entre esses três poetas: os sonetos de Antero tem inegável sabor clássico, quer na adjetivação e na musicalidade equilibrada, quer na análise de questões universais que afligem o homem.
Obra
- Sonetos de Antero, 1861,
- Raios de extinta luz
- Primaveras românticas, 1872
- Odes modernas, 1865 (na origem da polémica Questão Coimbrã)
- Sonetos, 1886.
- Prosas
Ligações externas
- Geração de 70
- Biografia em arqnet.pt
- Biografia em "Vidas Lusófonas"
- Obras de Antero de Quental na Biblioteca Nacional Digital
- Obras de Antero de Quental no projeto Gutenberg
- Biografia no wiki da República e laicidade - Associação Cívica
- Biografia no site da República e laicidade - Associação Cívica