Painel Não Governamental Internacional sobre Mudanças Climáticas

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NIPCC (Nongovernmental International Panel on Climate Change ou Painel Não Governamental Internacional sobre Mudanças Climáticas) é um grupo de céticos do aquecimento global antropogênico, liderado por Fred Singer [1] que contesta as posições do IPCC da ONU sobre mudanças climáticas.[2] [3] Foi publicado e editado pelo instituto neoconservador The Heartland Institute[4].

Esta organização discorda da hipótese que as mudanças climáticas seriam causadas por emissões de gases de efeito estufa resultantes das atividades humanas e busca focar-se nas evidências ignoradas pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC). Não está ligado a governos e considera que grandes intervenções governamentais nestas questões são desnecessárias.

A organização define-se como:

"Uma coalizão internacional de cientistas, convocados a fazer uma análise independente das evidências disponíveis sobre as causas e consequências das alterações climáticas divulgadas por seus pares e a examina-las sem seletividade e de forma imparcial.[5]

Histórico

As raízes do O NIPCC remontam uma reunião, patrocinada pelo SEPP (Science & Environmental Policy Project),[6] ocorrida em 2003 na cidade de Milão. Em 2007, a entidade organizou um encontro em Viena, para realizar uma análise independente e isenta das evidências sobre as mudanças climáticas.[7] O NIPCC foi criado por iniciativa do físico atmosférico Fred Singer, também criador do SEPP.

Originalmente chamado de "time B", foi criado para dar uma "segunda opinião" independente sobre os temas abordados pelos rascunhos iniciais do quarto relatório do IPCC. Quando o resumo desse relatório foi enviado para líderes políticos em Fevereiro de 2007, o "time B" reuniu-se novamente, em Viena, e mudou seu nome para NIPCC, começando a trabalhar no que viria a ser este relatório. Cientistas independentes de todo o mundo começaram a compartilhar suas pesquisas e idéias com o Dr. Singer. Alguns desses cientistas pediram para não ser identificados nos relatórios do NIPCC por medo de perder a bolsas de investigação e estarem nas "listas negras" de publicações científicas. Em Abril de 2008, o The Heartland Institute publicou a primeira crítica do Dr. Singer ao quarto relatório de avaliação do IPCC. Essa publicação, intitulada Nature, Not Human Activity, Rules the Climate ("A natureza e não a atividade humana, controla o clima") [7] lista 24 colaboradores de 14 países e incluiu um prefácio assinado por um dos mais renomados cientistas do mundo, o Dr. Frederick Seitz. Foi subtitulada "Resumo do relatório do painel internacional não-governamental sobre mudança climática para formuladores de políticas."

Com a continuidade dos trabalhos, mais cientistas juntaram-se a equipe de pesquisa e críticas positivas partiram de estudiosos de todo o mundo. Os trabalhos tiveram um grande impulso quando o Dr. Craig Idso, presidente do Center for the Study of Carbon Dioxide and Global Change (centro para o estudo do dióxido de carbono e mudanças globais), comparou os resultados dos estudos de sua entidade com os trabalhos iniciados pelo Dr. Singer. Estes dados estão disponíveis no site da sua organização.[8]

Em Junho de 2009, o primeiro relatório completo do NIPCC foi publicado pelo The Heartland Institute. Foi intitulado Climate Change Reconsidered: The 2009 Report of the Nongovernmental International Panel on Climate Change (NIPCC) ("reconsiderando as mudanças climáticas: O relatório de 2009 do Painel Não Governamental sobre Mudanças Climáticas").[9]

Este relatório, de 880 páginas, é a crítica mais abrangente das posições do IPCC já publicada. Lista 35 colaboradores e revisores de 14 países e apresenta em anexo os nomes de 31.478 cientistas americanos que assinaram uma petição que afirma:

"Não foi encontrada nenhuma evidência científica convincente que a ação humana ou que emissões de dióxido de carbono, metano ou outros gases de efeito estufa causam ou causarão, num futuro previsível, um catastrófico aquecimento da atmosfera terrestre e perturbação do clima da Terra".

Atualmente o NIPCC prossegue seus trabalhos, com seus integrantes regularmente revisando a literatura científica. Continua a produzir relatórios de análise para ajudar a informar líderes políticos e público em geral sobre os reais, e irreais, impactos provocados pelo esperado aumento nos níveis dióxido de carbono atmosférico na biosfera.

Críticas

No estudo publicado em 2009 o NIPCC aponta graves erros no quarto relatório do IPCC.

O estudo salientou os seguintes pontos:[9]

  • 1 - Os atuais modelos climáticos são incapazes de prever, de forma confiável, quais efeitos uma crescente concentração de dióxido de carbono (CO2) teria na atmosfera.
  • 2 - Os cálculos sobre o aumento nos níveis de CO2 não levam em conta a realimentação térmica (feedback) que ocorre naturalmente na atmosfera.
  • 3 - Dados meteorológicos reais não confirmam a suposição do IPCC sobre a existência das chamadas "tendências climáticas".
  • 4 - Os efeitos positivos que um aumento de CO2 podem trazer para a agricultura, silvicultura, etc, foram omitidos do relatório do IPCC.
  • 5 - Não existem provas que o CO2 causaria aumento da temperatura global nem que isso levaria à extinção de plantas e animais.
  • 6 - Faltam provas de que um nível maior de CO2 causaria um aumento na incidência de doenças e mortes nos climas extremos.

Relatórios

2008

Em Março de 2008,[7] foi divulgado um resumo do relatório, cujo objetivo é examinar de forma isenta a literatura científica e avaliar as causas das alterações climáticas. Em Abril de 2008 o relatório não estava disponível. Em seu resumo, o relatório continha críticas em relação ao IPCC. Na introdução, os autores afirmam que outro motivo para os relatórios do IPCC não serem confiáveis é a crença ingênua dos líderes políticos de que artgigos em publicações científicas teriam autoridade.

Os capítulos do relatório tem os seguintes títulos:

  • 1 - Quanto do atual aquecimento global é causdao pelo ser humano?
  • 2 - O aquecimento é causado por causas naturais.
  • 3 - Os modelos climáticos não são confiáveis.
  • 4 - O nível dos oceanos, provavelmente, não mudará.
  • 5 - Gases de efeito estufa aquecem o oceano?
  • 6 - O que sabemos sobre o dióxido de carbono na atmosfera?
  • 7 - O efeito das emissões humanas de dióxido de carbono é benigno.
  • 8 - Um aquecimento moderado teria efeitos econômicos positivos.

O painel continua as anteriores organizações de Fred Singer. O físico polonês Zbigniew Jaworowski foi um dos autores do relatório de 2008.

2009

Em Maio de 2009, a versão final do relatório, que tem o título Climate Change Reconsidered: The 2009 Report of the Nongovernmental International Panel on Climate Change (NIPCC) ("reconsiderando as mudanças climáticas: O relatório de 2009 do Painel Não Governamental sobre Mudanças Climáticas") [9] foi postada na internet.

O relatório é composto por 9 seções:

  • 1 - Modelos climáticos globais e suas limitações.
  • 2 - Fatores de feedback e o impacto da radiação.
  • 3 - Observações: medições de temperatura.
  • 4 - Observações: geleiras, gelo, precipitação, nível do mar.
  • 5 - Variabilidade solar e ciclos climáticos.
  • 6 - Observações: climas extremos.
  • 7 - Efeitos biológicos do aumento na concentração de dióxido de carbono.
  • 8 - Extinção de espécies.
  • 9 - Impacto sobre a saúde humana.

O capítulo 1.1 ("modelos e previsões") contém comentários baseados em entrevistas do jornalista canadense Lawrence Solomon com Zbigniewem Jaworowskim, Freemanem Dysonem, Richard Lindzen, Hendrik Tennekes, Richard Tol e Antonino Zichichi.

Controvérsias

Fred Singer, especificamente, foi acusado desacreditar a ciência em nome de interesses econômicos.[10] [11]

A imprensa divulgou detalhes do orçamento de 2012 do The Heartland Institute, onde observa-se: "atualmente financianamos o NIPCC para minar o relatório oficial do IPCC das Nações Unidas. Pagamos 388.000 dólares a uma equipe de autores para trabalhar numa série de publicações".[12]

O climatologista brasileiro, Ricardo Augusto Felício, afirma que grandes interesses econômicos e geopolíticos econdem-se por detrás da atual celeuma sobre as mudanças climáticas.[13] Segundo ele, a exploração de questões como o aquecimento global, é uma estratégia para impedir o desenvolvimento das nações pobres, sob pretexto de defesa do meio ambiente, garantindo a continuidade do predomínio econômico dos países ricos.[13]

Singer preparou uma crítica ao Quarto Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas chamado de Nature, Not Human Activity, Rules the Climate ("A natureza e não a atividade humana, controla o clima").[7] Este relatório do NIPCC foi publicado em Março de 2008 pelo The Heartland Institute. Neste mesmo mesmo mês, cientistas anônimos da NASA, Universidade Stanford e Universidade de Princeton declararam para a rede ABC que este relatório deveria ser considerado como um "nonsense fabricado".[14] Numa carta de protesto para a ABC News, Singer afirmou que esta crítica utilizou "linguagem preconceituosa, fatos distorcidos, insinuações caluniosas e ofensas anônimas".[15] [16] Singer também alega que tais cientistas anônimos, "são facilmente identificados como notórios defensores fanáticos da hipótese do aquecimento global antropogênico, como: Michael Oppenheimer, Stephen Schneider e James Hansen".[15] [16]

Entrentanto, Singer define-se como "cético" e não "negador" da mudança climática global. Em artigo no American Thinker, ele queixa-se sobre os argumentos incorretos utilizados pelos "negadores", dizendo que: "os negadores dão a nós [céticos] um mau renome".[17]

Em Dezembro de 2009, após a divulgação de milhares de e-mails do Climatic Research Unit da Universidade de East Anglia (Inglaterra), um escândalo de fraude científica veio à tona ficando conhecido como "Climategate".[18] [19] [20]

Singer escreveu um artigo para a Reuters na qual declara que os cientistas fizeram mau uso da revisão por pares, pressionado editores para impedir a publicação de opiniões científicas alternativas e difamado oponentes. Disse que os e-mails que vazaram mostram que os "dados sobre temperatura da superfície terrestre usados pelo IPCC são baseados em dados brutalmente distorcidos e algoritmos que eles não irão compartilhar com a comunidade científica". Argumentou que o incidente expôs um processo falho, e que as tendências de temperatura estavam indo para baixo, mesmo com os gases de efeito estufa, como o CO2, aumentando na atmosfera. Ele escreveu: "essa correlação negativa contradiz os resultados dos modelos dos quais o IPCC depende e indica que o aquecimento global antropogênico (AGA) é muito pequeno", concluindo "e agora, depois de tudo, verifica-se que o aquecimento global pode ter sido mesmo "feito pelo homem".[21] O Science and Technology Select Committee da Câmara dos Comuns do Reino Unido, publicou um relatório que, em parte, inocenta os cientistas.[22]

Veja também

Notas de rodapé

  1. American Thinker - Artigos de S. Fred Singer. Acessado em 09/04/2014.
  2. The Washington Post - Global Warming Skeptics Insist Humans Not at Fault. Acessado em 09/04/2014.
  3. The New York Times - Global-Warming Skeptics Convene in N.Y. Acessado em 09/04/2014.
  4. The Heartland Institute - página oficial. Acessado em 09/04/2014.
  5. News Hartland - Climate Change Conference Invigorates Global Warming Debate." Artigo de Harriette Johnson & Joseph L. Bast publicado em 1 de Maio de 2008. Acessado em 09/04/2014.
  6. SEEP - página oficial. Acessado em 09/04/2014.
  7. 7,0 7,1 7,2 7,3 SEPP - Nature, Not Human Activity, Rules the Climate. Publicado pelo The Heartland Institute & Editedo por S. Fred Singer. Acessado em 09/04/2014.
  8. CO2Science - página oficial. Acessado em 09/04/2014.
  9. 9,0 9,1 9,2 NIPCC Report - Climate Change Reconsidered: 2009 Report of the Nongovernmental Panel on Climate Change (NIPCC). Craig Idso & S. Fred Singer, Chicago, IL: The Heartland Institute, 2009. (PDF; 8,0 MB). Acessado em 09/04/2014.
  10. Der Spiegel - Lobbyisten: Die Wissenschaft als Feind. Artigo de Cordula Meyer de 04 de Outubro de 2010. Acessado em 09/04/2014.
  11. Sharon Begley - The Truth About Denial. Acessado em 09/04/2014.
  12. Zeit - Die Klimakrieger. Artigo de Kerstin Kohlenberg publicado em 28 de Novembro de 2012. Acessado em 09/04/2014.
  13. 13,0 13,1 World News - "Aquecimento Global: A FARSA" - Palestra do Prof. Ricardo Augusto Felício, 2011 - USP. Acessado em 09/04/2014.
  14. ABC News - Global Warming Denier: Fraud or 'Realist'? Acessado em 09/04/2014.
  15. 15,0 15,1 The Heartland Institute - Letter to ABC News from Dr. S. Fred Singer. Publicado em 28 de Março de 2008. Acessado em 09/04/2014.
  16. 16,0 16,1 Fox News - Junk Science: Global Smearing. Artigo de Steven Milloy publicado em 27 de Março de 2008. Acessado em 09/04/2014.
  17. American Thinker - Climate Deniers Are Giving Us Skeptics a Bad Name. Artigo de Fred Singer publicado em 29 de Fevereiro de 2012. Acessado em 09/04/2014.
  18. Climategate - Anthropogenic Global Warming, history's biggest scam. Acessado em 09/04/2014.
  19. The New York Times - Hacked E-Mail Is New Fodder for Climate Dispute. Acessado em 09/04/2014.
  20. The New York Times - Hacked E-Mail Data Prompts Calls for Changes in Climate Research. Artigo de Andrew C. Revkin publicado em 27 de Novembro de 2009. Acessado em 09/04/2014.
  21. The Independent Institute - Climate Skeptic: We are Winning the Science Battle. Artigo de Fred Singer publicado originalmente, pela agência Reuters, em 14 de dezembro de 2009. Acessado em 09/04/2014.
  22. The New York Times - British Panel Clears Scientists. Artigo de Justin Gillis publicado em 27 de Julho de 2010. Acessado em 09/04/2014.

Ligações externas

  • US Today - IPCC exaggerates risks: Opposing view. Artigo de Joseph L. Bast publicado em 14 de Outubro de 2013. Acessado em 09/04/2014.
  • Fake Climate - A controvérsia das mudanças climáticas e do aquecimento global antropogênico: consenso científico ou interesse político? Marcos José de Oliveira & Francisco Vecchia. Acessado em 09/04/2014.