Guerra dos Camponeses

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Guerra dos Camponeses

A Guerra dos Camponeses na Alemanha (Deutscher Bauernkrieg) foi uma sequência de revoltas ocorridas entre 1524 e 1526 em vastas regiões do sul da Alemanha, nos Alpes, na Renânia e na Alemanha central.

Desde o século XIV surgiram sinais de revolta entre os camponeses. Um grupo invocava o antigo direito e tradição, contra o avanço das pretensões dos senhores feudais, outros, sob influência hussita, evocavam direito divino e exigiam uma renovação com base no Evangelho.

O direito romano limitava os direitos comuns (Allmenderechte) dos camponeses, sua liberdade pessoal e autogestão. Portanto exigiam a reinstituição do direito germânico. Apoiando-se na Biblia, no direito natural divino e nos escritos de Martinho Lutero "Sobre a liberdade do cristão" (Von der Freiheit eines Christenmenschen) os camponeses exigiam a extinção das distinções de classe e da servidão e declaravam-se partidários da Reforma protestante.

Extremamente pesado era o direito à caça exclusivo dos senhores. No ano de 1494 um nobre von Eppstein mandou executar um camponês que tinha pescado caranguejos, e o duque Ulrich von Württemberg mandava vazar os olhos de todo caçador furtivo. Em 1493 formou-se o primeiro agrupamento de camponeses com o Bundschuh (o "sapato amarrado" dos camponeses, símbolo do movimento) sob a liderança de Joß Fritz. Em 1514 surgiu o "Arme Konrad" ("Konrad" era um nome comum na época e os camponeses tomaram a alcunha depreciativa "pobre Conrado" para designar sua liga).

O desencadeamento da Guerra dos Camponeses foi decorrente do fato que a região onde surgiu a irrupção era idêntica à do recrutamento de mercenários (Landsknecht). Muitos dos camponeses que se juntavam na revolta já tinham servido como mercenários e tinham suas experiências de guerra. Os grupos de camponeses não iam à luta armados apenas com malhadeiros e foices, mas muitas vezes bem equipados com armaduras, chuços e espingardas e mais tarde até com peças de artilharia conseguidas de cidades que apoiavam o movimento. Os camponeses porém não dispunham de cavalaria armada. A Guerra dos Camponeses se alastrou para a Turíngia sob o comando do pastor Thomas Müntzer, partindo de Mühlhausen.

Sebastian Lotzer em Memmingen formulou os doze artigos das exigências principais:

  • As comunidades terão poder para escolher um pastor e conferir se de fato prega e vive conforme o Evangelho.
  • Rejeição de novas contribuições para o senhorio.
  • Abolição da servidão dos camponeses.
  • Liberdade de caça e pesca.
  • Livre utilização da madeira para todos.
  • Supressão de novas servidões.
  • Nenhum encargo ilegítimo pelo senhorio.
  • Supressão dos juros insuportáveis sobre as terras.
  • Garantia de tratamento justo perante tribunal, não com arbitrariedade ou mercê.
  • Nada de leis arbitrárias segundo "direito novo" e sim validade do direito antigo.
  • Relvados e campos permanecem domínio público.
  • Em caso de morte, uma propriedade não reverterá ao senhorio mas será mantido para viúva e órfãos.

Como no entanto os camponeses não apenas enfatizavam as exigências dos doze artigos, mas percorriam as regiões espalhando morte e destruição, começou a formar-se uma resistência. Além disso os doze artigos foram ampliados, exigiam agora "total liberdade". O auge da sanha assassina foi o sangrento Domingo de Páscoa em Weinsberg em 16 de abril de 1525.

Martinho Lutero, que no início de 1525 dirigira-se a camponeses e nobres com suas "Exortações à paz com os 12 artigos dos camponeses na Suábia" ("Ermahnungen zum Frieden auf die 12 Artikel der Bauernschaft in Schwaben") escreveu agora, também sob efeito do Weinsberger Blutsonntag, "Contra os bandos assassinos e predadores dos camponeses"( „Wider die mörderischen und räuberischen Rotten der Bauern) um duro apelo à nobreza para o término das tropelias. Na batalha em Frankenhausen (na Turíngia) em 15 de maio de 1525 a tropa de Thomas Müntzer foi derrotada e a revolta dos camponeses na Turíngia terminou.

Literatura

  • Grosser deutscher Bauernkrieg, herausgegeben von Wilhelm Blos. Illustrirt von Victori Schivert und O.E. Lau (1891)
  • Wilhelm Stolze: Der deutsche Bauernkrieg: Untersuchungen über seine Entstehung und seinen Verlauf (1907)
  • Paul Schreckenbach: Luther und der Bauernkrieg (1895)
  • Brandt, Otto Der deutsche Bauernkrieg (1929, 100 S., Scan, Fraktur).
  • Günther Franz: Der Deutsche Bauernkrieg

Referências

  • Bauernkrieg, Meyers Konversations-Lexikon, 1888
  • Bauernkriege.de: Großer Deutscher Bauernkrieg 1524 bis 1526