Estoicismo

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Do princípio de que a virtude constitui o bem supremo e de que a natureza é a medida de todas as coisas, funda, em Atenas, o filósofo helenista, Zenão de Cítia em 300 a.C. o estoicismo. O ambiente que o proporcionou enquadra-se no período helenístico resultante da profunda penetração de Alexandre o Grande em território asiático. O helenismo caracteriza-se pela mistura da Cultura Oriental com a Cultura Grega. Nas raízes do pensamento filosófico ocidental, o precursor desta nova corrente filosófica, que tem por sede o Pórtico, pois era aí que Zenão se reunia com os seus discípulos, encontrou a sua inspiração em distintos pensadores helénicos tais como Heraclito e Sócrates. Na continuidade do seu trabalho intelectual destacam-se os fiéis seguidores, Cleantes, Crísipo de Tarso, Panécio, Possidónio de Apameia, o advogado e político Séneca, o escravo Epicteto e o imperador Marco Aurélio. A justiça e o pensamento serão os dois grandes pilares que suportarão toda a arquitectura filosófica estóica cujo fim é a obtenção da felicidade.

Para além da matéria, o sábio estóico sabe que existe uma força espiritual a não negligenciar, assim, Deus é adorado como a alma e razão do mundo. A forma de agradar a este Deus, entendido também como ordem natural ou Zeus todo-poderoso autor da Natureza, que não necessita de ritos, sacrifícios, ou orações, é escutar a sua voz que se encontra no íntimo de cada homem. Desta forma, olhando à interioridade apela-se a uma procura contínua da erudição e do virtuosismo, pois é através da reflexão, envolta em serenidade, que o nobre estóico encontra as directrizes divinas que o tornam um melhor cidadão. Desta consciência introspectiva advém também a atitude sábia que permite ao homem harmonizar-se com o seu destino, pois como dirá Epicteto: “coisas há que dependem de nós, e outras há também que de nós não dependem”. Dando atenção ao lema «suporta e renuncia», o homem estóico é convidado a tudo fazer para dominar os seus instintos, experimentando assim as vantagens da paz de espírito. Da meditação sobre si mesmo vem o conhecimento de si próprio, quem se conhece a si próprio conhece melhor os outros porque a natureza é comum, e no ambiente contemplativo revela-se a nossa liberdade interior, a verdadeira liberdade. Ensina Marco Aurélio, o imperador filósofo: “se manténs autodomínio por meio da inteligência não sofres lesão, não sofres entrave”, e ainda “que tranquilidade e passo leve, que alegria e autodomínio se notam no homem que em tudo segue a razão”.

A virtude é necessária e suficiente para a felicidade, o seu segredo reside em viver conforme a natureza, como tal, só aqueles que respeitam as leis naturais fundadas na razão são livres. Todos os outros, os néscios, os homens vulgares que preferem o caminho do prazer, dos excessos, da irracionalidade estão condenados à escravatura, senão corporal seguramente espiritual, pois facilmente se deixam seduzir pelos mais decadentes vícios. O conceito de liberdade estóica recusa a sujeição da alma às paixões e à sorte diversa, ser livre é não ser escravo dos instintos primários e das inúmeras contingências a que o ser humano está exposto. Os afectos interiores são impulsos que alteram o equilíbrio e por outro lado são frequentemente dados a enganos e causa de dor, mas o sábio estóico dominá-los-á. O homem inteligente, sábio, prudente, tem sempre em mira a sua autonomia, procura alimentar-se apenas de si mesmo, e busca a imperturbabilidade da alma, a ataraxia. A vida atribulada não encontra eco no homem que se domina a si mesmo. O ideal da auto-suficiência tem um papel de destaque nesta filosofia prática cultivada pelo homem que valoriza a racionalidade evitando as sensações fortes e os prazeres corporais desmesurados.

Os estóicos dividiram a filosofia em três disciplinas principais: Lógica; Ética; Física. Ainda hoje a humanidade se regula pela lógica proposicional inventada pelos estóicos, mas já o mesmo não se pode dizer no que concerne à sua ética das virtudes que coincidia com a ética aristotélica, pois foi trocada, na modernidade, pela ética utilitarista que privilegia a quantidade em desfavor da qualidade. É facilmente compreensível esta mudança paradigmática, atendendo a que a moral estóica se tinha tornado um embaraço para o novo homem egocêntrico permanentemente insatisfeito. No que respeita à teoria do conhecimento, o sábio estóico recomenda um olhar às profundezas do nosso interior; o conhecimento não está fora de nós, o conhecimento vem de dentro. Escutemos o imperador filósofo Marco Aurélio: “a filosofia consiste em velar atentamente pelo deus interior”. Os ensinamentos estóicos apontavam para uma excelente adaptabilidade do homem ao meio ambiente. A sociabilidade era a sua prioridade, tudo o que o estóico se propunha a fazer visava o bem comum, a harmonia social, a equidade. Nos pensamentos do imperador romano pode ler-se o seguinte: “faça eu o que fizer, sozinho ou ajudado, devo sempre atender a este fim único: o que é útil à comunidade e vai de harmonia com ela”. A sabedoria estóica declara, sem complexos, o vício como o mal absoluto. E, por todos os meios, o tenta combater com a consciência plena de que é uma missão impossível, embora se cada um cumprir o seu dever, segurando-se ao rigor, se possam alcançar significativos progressos. A natureza tanto dá vida a vermes como a águias.

Entre os valores exercitados pelos estóicos enumeram-se: a justiça, o amor ao trabalho, a lealdade, a beneficência, a sinceridade, a coragem, a temperança, a cortesia, a serenidade imperturbável, a discrição, o carácter viril, a piedade, a vida simples, o encurtar necessidades, a franqueza, a rectidão de carácter, a disciplina, a independência, a benevolência, a família patriarcal, o amor à família, à verdade e ao bem.

O estoicismo terminou com a morte do imperador filósofo, no século II, ao que se seguiu o declínio do Império Romano. Mas, toda esta forma de pensar, que conduzia o homem para o bom relacionamento com os seus semelhantes, perdurou até ao apogeu da idade moderna. Após o instalar das novas ideias, que privilegiavam os interesses sectários, sobrepuseram-se os direitos privados. A mentalidade de servidão pública propugnada pelos sábios foi abruptamente ceifada, não sem antes dar alguns perigosos sinais, pela Revolução Francesa. Após o domínio da mentalidade liberal mais radical, o bem comum ficou irremediavelmente perdido, o individualismo revolucionário burguês era agora a medida para todas as coisas. Triunfou o egoísmo, medraram os patifes. Os ingratos, os invejosos e os insolentes rejubilaram e em pouco tempo toda a Europa ficou dominada pela nova peste vermelha. Estava aberta a porta para o caminho do salve-se quem puder. A lógica da serenidade, da paz de espírito, da razão, foi trocada pela lógica do desassossego, do frenesim, da competição, da irreflexão. Apesar de Montesquieu, o teórico da divisão de poderes, nutrir grande admiração pelos estóicos, reconhecendo que com eles as virtudes humanas foram elevadas ao seu ponto mais alto, não evitou o esmagamento dos ideais nobres pelos seus comparsas iluministas. Os fanáticos dos direitos atraiçoaram os guardiães dos deveres. A mediocridade ganhou terreno em todas as frentes. Marco Aurélio tinha alertado: “De duas uma: ou desordem, confusão, dispersão; ou união ordem e providência”. Após o século XVIII prevaleceu a primeira opção. Restam, porém, muitos indícios da sabedoria estóica no cristianismo.