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A Grande Depressão
A Grande Depressão compreende um período entre 1929 e 1945 marcado pela estagnação econômica, altas taxas de desemprego, queda brusca do PIB de vários países bem como toda produção industrial no mundo. Economistas com linha de pensamento keynesiana, assim como vários intelectuais intervencionistas atribuem as causas da Grande Depressão a uma consequência inevitável de um mercado desregulado( defendido pelo laissez-faire de Adam Smith), argumentando que a crise de 1929 (considerada como a gênese da Grande Depressão) ocorreu no momento em que o mercado como um todo superestimou sua produção enquanto que a maioria da população não tinha poder de compra para suprir esse "excedente" de produtos, causando prejuízo aos empresários e levando-os à falência. Esse diagnóstico, apesar de se basear sobretudo numa visão de mundo simplista e claramente estatista, é o predominante nos meios educacionais e intelectuais [1] [2] [3]. No entanto, esse diagnóstico está completamente errado .
A Grande Depressão - mais precisamente nesse contexto, a crise de 1929 - foi uma consequência, esta sim, de uma política irresponsável (talvez intencional) de crédito fácil por parte do Fed (banco central norte-americano) que estava realizando grandes expansões monetárias desde o início do século XX [4]. O fed funciona, assim como a maioria dos bancos atuais, com base num sistema de reservas fracionárias. Esse sistema, num resumo grosseiro, consiste na possibilidade do banco emprestar dinheiro sem lastro ou criar dinheiro do nada. Quando um banco cria crédito novo, as taxas de juros caem artificialmente, provocando uma série de desajustes e maus investimentos que, mais tarde, terão de ser liquidados. Como os empresários investem com base nas taxas de juros, uma taxa de juros artificialmente baixa sinaliza a investidores de que há dinheiro poupado, o que os incita a investir. Essa fato, aliado ao crédito fácil oferecido à população, faz com que a economia cresça num curto prazo. O crescimento econômico leva a um aumento de preços (inflação).Para que esse arranjo continue é necessário que o banco central crie ainda mais dinheiro (provocando ainda mais inflação). No momento em que o o banco central cessa de expandir a moeda, as taxas de juros sobem, os investimentos que pareciam lucrativos se revelam um fiasco(os quais os keynesianos erroneamente se referem como prejuízos da "superprodução" do livre mercado) e a economia entra em recessão até que o mercado ajuste-se de modo a refletir a real oferta e demanda de uma poupança genuína.[5]
Uma evidência de que a crise de 1929 e a Grande Depressão não foram causadas pelo livre mercado é a própria crise de 1920. A situação econômica nos EUA em 1920 era dramática. Naquele ano o desemprego havia pulado de 4% para quase 12%, o PNB havia declinado 17%. Não é de se estranhar, portanto, que o então Secretário de Comércio [equivalente ao nosso Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior] Herbert Hoover - até hoje falsamente descrito como um entusiasta do laissez-faire - tenha instado veementemente o então presidente Warren G. Harding a fazer uma série de intervenções para reativar a economia. Mas Hoover foi ignorado.
Ao invés de um "estímulo fiscal", Harding reduziu o orçamento do governo praticamente à metade entre 1920 e 1922: os gastos federais declinaram de $6,3 bilhões em 1920 para $5 bilhões em 1921 e $3,3 bilhões em 1922. E o restante da abordagem de Harding foi igualmente laissez-faire: o imposto de renda foi diminuído para todos os grupos de renda e a dívida nacional foi reduzida em 33%.A atividade do Federal Reserve, o banco central americano, foi praticamente imperceptível. Como um historiador econômico escreveu, "Apesar da severidade da contração econômica, o Fed não utilizou seus poderes para aumentar a oferta monetária e combater a recessão".[6]. No terceiro trimestre de 1921, os sinais da recuperação já eram visíveis. No ano seguinte, o desemprego caiu para 6,7%, e em 1923 já estava em 2,4%.[7]
Mesmo sendo uma crise passageira, foi o bastante para que cerca de 24 bancos que estavam fora do sistema do Federal Reserve nos EUA falissem. Um político do partido republicano que lutou ativamente contra os interesses inescrupulosos do Fed foi Charles August Lindbergh, que lançou um livro de críticas ao sistema de reservas fracionárias do Fed denominado "The Economic Pinch" em 1913. Em seu outro livro Real Needs,Volume 1, Issue 1 lançado em 1916, Charles denuncia todo o sistema de inflação e deflação realizado pelo Fed como forma de obter lucros:
- "Para provocar preços altos, tudo que o Federal Reserve precisará fazer será baixar a taxa de redesconto..., produzindo uma expansão de crédito e um crescimento no mercado de ações; então quando negociantes se ajustarem a essas condições, pode-se verificar... prosperidade em meia carreira através do aumento arbitrário da taxa de juros.Isso pode fazer o pêndulo de um mercado em ascensão e queda balançar gentilmente para trás e para frente através de pequenas mudanças na taxa de desconto, ou causar violentas flutuações através da variação maior da taxa.Em quaisquer casos, ele (o Fed) vai possuir informações privilegiadas sobre as condições financeiras e conhecimento prévio da vinda mudança, para cima ou para baixo. Esta é a vantagem mais estranha e perigosa já colocada nas mãos de uma classe especial e privilegiada por qualquer Governo que já existiu. O sistema é privado, realizado com o único propósito de obter os maiores lucros possíveis a partir do uso de dinheiro de outras pessoas. Eles sabem com antecedência quando criar pânico em proveito próprio, eles também sabem quando interromper esse pânico. A inflação e a deflação funcionam igualmente bem para eles quando eles controlam finanças.)"[8]
Notas de rodapé
- ↑ [1] Crise de 1929 segundo brasilescola
- ↑ [2] Crise de 1929 e Grande Depressão segundo o infoescola
- ↑ [3] Crise de 1929 segundo o Uol
- ↑ [4] A Grande Depressão - uma análise das causas e consequências por Hans F. Sennholz
- ↑ [5] A Grande Depressão - uma análise das causas e consequências por Hans F. Sennholz
- ↑ America's Search for Economic Stability: Monetary and Fiscal Policy Since 1913' (New York: Twayne, 1992),Kenneth E. Weiher, p. 35
- ↑ [6]1920 - a última depressão na qual um governo não se intrometeu foi também a mais rápida por Thomas Woods
- ↑ [7] Artigo da Wikipedia Norte-Americana sobre Charles August Lindbergh. Sétima citação.