Doação de Constantino

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Denomina-se Doação de Constantino (Donatio Constantini), uma inexistente doação do Imperador Constantino (306-337) à Igreja Católica, em gratidão à sua cura pelo Papa Silvestre I (314-335). A “doação” baseia-se em documentos falsificados, cuja autenticidade já vinha sendo contestada desde a Idade Média.

História

A Doação de Constantino baseia-se em documentos falsos elaborados no século VIII. Por estes documentos, o imperador Constantino I cedeu ao Papa Silvestre I, territórios do império romano situados ao ocidente, em gratidão pela cura da Lepra. Tal cessão teria ocorrido quando Constantino I transferiu a capital de seu império de Roma para Constantinopla.

O documento Donatio Constantini

Comprovando a doação, apresentava-se um édito imperial, proclamado como autêntico pela Igreja Católica, que composto por manuscritos diversos, foi incorporado em suas partes mais importantes ao Corpo Jurídico Canônico (Corpus Júris Canonici) através de um pósfacio ao Decreto de Graciano (Decretum Gratiani).

Por estes escritos, o imperador Constantino abdicou de sua profissão da fé ortodoxa, foi batizado pelo Papa e então curado de sua doença. Outrossim reconheceu a primazia papal sobre todos as igrejas cristãs.

Contestações à autenticidade

O imperador alemão Otto III expressava suas dúvidas quanto a autenticidade do documento. No século XV o Bispo Nikolaus von Kues declarou tratar se de uma falsificação. A Igreja Católica porém considerava o documento autêntico, mantendo assim suas pretensões hegemônicas. O humanista romano Lorenzo Valla, em tratado, considerou-o falso. [1], tratado cuja impressão o humanista alemão Ulrich von Hutten providenciou em 1517.

Martinho Lutero, por esta colossal mentira visualizava a Igreja Catolica como sendo o próprio anticristo:

"Donatio Constantini é uma infame mentira, e nem Hieronymus nem outro contemporâneo de Constantino sabe algo a respeito – é uma escrita maligna e repleta de mentiras e com tão má redação latina que mal pode ser traduzida". [2].

Surgiu a reforma da Igreja, com seu ápice no inicio da criação de uma Igreja Alemã (Deutsche Volkskirche). No século XIX, Ignaz von Döllinger comprovou em definitivo que o documento era uma falsificação.

Literatura

(Em alemão)

  • Johann Friedrich: Die Constantinische Schenkung (1889) (Arquivo PDF)
  • Ignaz von Döllinger: Die Schenkung Constantins. Ein Beitrag zur kritischen Beleuchtung der Papstfabeln des Mittelalters, 1866 (Arquivo PDF)
  • Ulrich von Hutten: Des Edlen Römers Laurentij Vallensis Clagrede wider die erdicht unnd erlogene begabung, so von dem Keyser Constantino der Römischen kirchen sol geschehen sein, 1520 (Possibilidade de reimpressão)
  • Einer auß den hohen Artikeln, des Allerhayligsten Bäpstlichen Glaubens, genan[n]t Donatio Constantini, 1537 (Arquivo PDF)
  • Laurentius Valla: Trattato ... della donatione ... fata da Constantino Magno ... a Papa Silvestro, 1546 (Arquivo PDF)
  • Heinrich Alt: Donatio Constantini imperatoris facta (ut aiunt) Sylvestro papae, 1661 (Arquivo PDF)
  • Karl Corino (Hg.): Universalgeschichte des Fälschens. 33 Fälle, die die Welt bewegten. Von der Antike bis zur Gegenwart. Fankfurt am Main (Eichborn) 1988, ISBN 3-8218-1384-9; S. 27-35.
  • Karlheinz Deschner: OPUS DIABOLI. Fünfzehn unversöhnliche Essays über die Arbeit im Weinberg des Herrn. Reinbek bei Hamburg (Rowohlt) 1987, ISBN 3-498-01270-3; contém à pág 131-142 Die »Konstantinische Schenkung«.


Referências

Notas de rodapé

  1. De falso credita et ementita Constantini donatione declamatio
  2. citado nas obras de Martinho Lutero, volumes 66 e 67 pág 190 (1857)(arquivo PDF)